A Ucrânia abriu mão da sua ambição de ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em troca de garantias de segurança do Ocidente, como parte de um compromisso para encerrar a guerra com a Rússia, afirmou o presidente Volodymyr Zelensky. A medida representa uma mudança significativa para a Ucrânia, que vinha lutando para entrar na Otan como forma de se proteger de ataques russos. O país tem, inclusive, essa aspiração prevista em sua Constituição.
O gesto também atende a uma das principais exigências de Moscou, embora o governo ucraniano continue rejeitando qualquer cessão de território. No domingo, Zelenskiy afirmou que garantias de segurança oferecidas pelos Estados Unidos, por parceiros europeus e por outros aliados, em substituição à adesão à Otan, representam um compromisso feito pela Ucrânia. “Desde o início, o desejo da Ucrânia era entrar na Otan, essas são garantias reais de segurança.
Alguns parceiros dos EUA e da Europa não apoiaram essa direção”, afirmou, em resposta a perguntas de jornalistas em um chat no WhatsApp. “Assim, hoje, garantias bilaterais de segurança entre a Ucrânia e os EUA, garantias semelhantes ao Artigo 5º para nós por parte dos EUA, e garantias de segurança de colegas europeus, bem como de outros países — Canadá, Japão — são uma oportunidade de evitar uma nova invasão russa”, disse Zelenskiy. “E isso já é um compromisso da nossa parte”, acrescentou, ressaltando que as garantias de segurança precisam ser juridicamente vinculantes.
O presidente russo, Vladimir Putin, tem exigido repetidamente que a Ucrânia renuncie oficialmente às suas ambições de ingressar na Otan e retire tropas de cerca de 10% da região de Donbas que Kiev ainda controla. Moscou também afirma que a Ucrânia deve ser um país neutro e que nenhuma tropa da Otan pode ser estacionada em seu território. Fontes russas disseram no início deste ano que Putin quer um compromisso “por escrito” das principais potências ocidentais de não expandir a aliança da Otan, liderada pelos EUA, para o leste — uma forma de descartar formalmente a adesão da Ucrânia, Geórgia, Moldávia e outras ex-repúblicas soviéticas.