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Levantamento revela 251 postos de combustíveis ligados a investigados na megaoperação contra o PCC

Um levantamento deste sábado (4) apontou que 15 investigados na Operação Carbono Oculto, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo e pela Receita Federal, são sócios de pelo menos 251 postos de combustíveis espalhados por quatro estados do Brasil. A apuração realizada pelo G1 mostra que o grupo, ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), utilizava o setor para lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio obtido por meio de atividades criminosas.

De acordo com o levantamento, a maior parte dos empreendimentos está localizada em São Paulo, com 233 postos de combustíveis. Em seguida vêm Goiás (15), Paraná (2) e Minas Gerais (1). Os dados foram cruzados com registros da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e informações de juntas comerciais estaduais.

Ainda segundo a apuração, quase metade dos postos (127) funcionam como bandeira branca, sem vínculo com grandes distribuidoras, o que facilita a movimentação financeira sem rastreamento direto. Outros são associados a marcas conhecidas, como Ipiranga (52), Rodoil (33), Petrobras (29) e Shell (12).

A Operação Carbono Oculto foi deflagrada em agosto de 2025 e é considerada uma das maiores ofensivas contra o crime financeiro ligado ao PCC. O esquema investigado teria movimentado mais de R$52 bilhões entre 2020 e 2024, segundo a Receita Federal.

Ao todo, a operação tem mais de 350 alvos entre pessoas físicas e empresas em oito estados: São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Os crimes investigados incluem fraude fiscal, adulteração de combustíveis, lavagem de dinheiro e uso de fintechs para transações ilegais.

Entre os investigados estão Mohamad Hussein Mourad, apontado como um dos articuladores do esquema, e Roberto Augusto Leme, conhecido como “Beto Louco”, com histórico de envolvimento em operações de lavagem. Também figuram nos autos Camila Cristina de Moura Silva, diretora financeira de uma fintech suspeita de operar como “banco paralelo”, e Lucas Tomé Assunção, contador ligado a uma empresa dona de mais de cem postos de gasolina.

Os advogados dos investigados negam envolvimento com atividades ilícitas e afirmam que todas as empresas atuam dentro da legalidade e possuem documentação regular junto à ANP.

A ANP e o Ministério Público devem avançar na análise das licenças de operação dos postos envolvidos, o que pode levar à suspensão de atividades comerciais e bloqueio de bens. Especialistas alertam que a infiltração de facções criminosas em setores legalizados da economia representa uma nova fase do crime organizado no país.

“O crime deixou de agir apenas na rua e passou a operar dentro do sistema financeiro e empresarial”, afirma um procurador que acompanha o caso. “Essas estruturas dão aparência de legalidade a recursos ilícitos e tornam a investigação muito mais complexa.”

As investigações seguem em andamento sob sigilo judicial.

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