A ideia de que o presidente Donald Trump estaria sinalizando boa vontade para conversar com o Brasil, visando resolver a crise do “tarifaço”, é contradita por uma série de declarações e ações recentes da administração americana. Os sinais enviados por Washington sugerem uma postura inflexível e de demanda, e não de abertura para um diálogo equilibrado.
A principal evidência disso é a confirmação de que as tarifas impostas sobre produtos brasileiros começaram a valer em 1º de agosto, sem qualquer possibilidade de prorrogação. A decisão do governo Trump elimina as últimas esperanças de um adiamento e demonstra uma postura irredutível.
Além disso, um advogado próximo ao presidente americano declarou que o Brasil deve se “atentar ao que Trump pede”. A declaração reforça a percepção de que a administração americana espera um alinhamento do Brasil em questões de interesse dos EUA, e não uma negociação multilateral. A postura de Trump de retirar os EUA da Unesco, por considerá-la “ideológica”, também reflete uma tendência de se afastar de entidades e negociações multilaterais.
Essa visão é reforçada por aliados de Trump. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por exemplo, já havia dito à CNN que o presidente americano “não vai recuar” de sua política de imposição de tarifas.
Diante desse cenário, o governo brasileiro, embora tenha defendido um trabalho de “bastidor” para negociar o tarifaço, enfrenta uma situação em que os sinais de Washington são de confronto. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, chegou a citar a possibilidade de uma “3ª Guerra Mundial” ao falar sobre tarifas, evidenciando a gravidade do cenário.
Apesar do apelo público de Lula para que Trump “reflita a importância do Brasil”, a análise dos fatos e declarações recentes indica que a retórica e as ações da administração Trump não sinalizam boa vontade para o diálogo, mas sim uma política de imposição.