Celulares dobráveis já são mais caros que os iPhones no Brasil, e os modelos recém-lançados estão mais para aparelhos de luxo do que meros smartphones.
O Guia de Compras testou quatro deles, em ordem crescente de valor nas lojas da internet:
- Motorola Razr 60 Ultra (R$ 10 mil),
- Samsung Galaxy Z Fold7 (R$ 14,6 mil)
- Honor Magic V3 (R$ 20 mil)
- Huawei Mate XT Ultimate Design (R$ 39 mil, o mais caro do país)
O da Huawei até chegou a ser mais em conta, na medida do possível. Foi anunciado em junho por R$ 33 mil – preço que se manteve até a gravação do vídeo acima, no final de julho.
Mas, no início de agosto, o preço saltou para a faixa entre R$ 35 mil e R$ 39 mil nos sites pesquisados.
Os valores altos de todos se justificam pelos recursos de última geração, câmeras avançadas e um design cada vez mais fininho, além das telas que se dobram até duas vezes.
Dos quatro modelos avaliados, só dois dobráveis compensavam o alto investimento – o da Motorola e o da Samsung.
A Honor sofre com um produto que já está obsoleto, e a Huawei requer a adoção de gambiarras potencialmente inseguras para usar os apps do Google.
Design
Honor Magic V3 e Samsung Galaxy Z Fold7 seguem o padrão estabelecido pela própria Samsung em 2019: uma tela externa grande, comparável à de um smartphone convencional, que se abre como um livro, revelando um display maior.
Dá para dizer que é um telefone grande que vira um tablet quadrado de 8 polegadas. Para comparação, um iPad tem tela de 11 polegadas.
Celular dobrável é fácil de manusear?
Nem sempre. O Razr 60 Ultra, pelo formato compacto, permite abrir a tela com uma mão só.
Os demais requerem as duas mãos para abrir. O Samsung e o Huawei requerem uma forcinha extra para conseguir desdobrar o aparelho.
Os fabricantes indicam que as dobradiças das telas são reforçadas para durar bastante e protegem a parte interna dos celulares. Depois da tela, as dobradiças são a parte mais sensível do smartphone.
O celular dobrável levanta questões de uso. O que fazer com um deles?
Tirando o Razr 60 Ultra, que mais se assemelha a um telefone convencional (e só fica mais compacto), os demais têm suas peculiaridades.
Uma delas é atender a uma chamada.
Se o Honor, Huawei ou Samsung estiverem fechados, sem problemas – é só atender como sempre. Se estiverem abertos, tem que colocar no viva-voz ou usar fones sem fio.
A vantagem da tela grande neles – independentemente da marca – é aproveitar o espaço maior para realizar múltiplas tarefas para trabalhar, dispensando um notebook, por exemplo.
Navegar na internet em metade da tela, com o WhatsApp em outra, por exemplo. Ou tomar notas em metade e ver redes sociais na outra metade.
Ver vídeos e jogar é outro benefício do espaço, já que os aparelhos são tablets em miniatura.
Desempenho e bateria
Os quatro modelos trazem configurações de ponta, com:
- Processadores Qualcomm Snapdragon 8 da última geração (Samsung e Motorola) ou penúltima geração (Honor).
- O da Huawei utiliza um processador próprio (Kirin 9010).
- 12 GB ou 16 GB de RAM
- Armazenamento generoso — 1 TB no Motorola e mínimo de 512 GB nos demais.
Nos testes de desempenho, Samsung e Motorola foram os mais rápidos, seguidos pelo Honor, que superou o Huawei.
Em avaliações de vídeo, Samsung e Motorola mantiveram a liderança, com Honor e Huawei atrás.
A bateria durou 14h30 no Motorola, 13h30 no Honor e 13h20 no Samsung. O modelo da Huawei não foi capaz de realizar o teste porque o aplicativo não rodou por completo.
O sistema operacional também tem sua parte nos resultados.
O Galaxy Z Fold7 saiu de fábrica com Android 16, a versão mais recente do Google.
O Moto Razr 60 Ultra roda Android 15, comum em lançamentos recentes. O Honor Magic V3, Android 14.
Já o Huawei Mate XT Ultimate Design não utiliza o Android tradicional.
Como assim? Devido ao banimento de tecnologias norte-americanas imposto pelo governo Trump em 2019, a Huawei não pode usar os serviços do Google.
A solução foi adotar uma versão de código aberto do Android, personalizá-la com a interface EMUI 14 e distribuir sem os serviços do Google.
A Huawei oferece seus próprios apps — mapas, navegador, loja de aplicativos (App Gallery) —, mas há alternativas para acessar serviços do Google.
Os apps MicroG e GBox, desenvolvidos pela comunidade de código aberto, funcionam como emuladores, permitindo usar Gmail, Google Maps e Play Store. Ambos estão disponíveis na App Gallery.
Porém, essa solução levanta questões de segurança.
O GBox, por exemplo, “finge” ser um Xiaomi Redmi K20 Pro com Android 12 (modelo de 2019 nunca lançado no Brasil) para burlar restrições.
Como esse Android não recebe atualizações regulares de segurança (não é possível checar a informação com o desenvolvedor), pode violar políticas do Google e comprometer dados sensíveis.
A Huawei afirmou, em nota, que não tem ligação com o desenvolvimento do GBox ou MicroG.
De acordo com a companhia, os apps MicroG e GBox “passaram por validação técnica para disponibilização na AppGallery, seguindo nossos padrões de privacidade e segurança. Seus desenvolvedores garantem conformidade com as leis de proteção de dados dos países onde operam, coletando apenas informações essenciais”.
Vale ressaltar também que o celular de R$ 35 mil, ainda por conta das restrições dos Estados Unidos, não funciona com redes 5G no Brasil. Sim, ele é apenas 4G. Os demais dobráveis têm 5G.
Câmeras
O Razr 60 Ultra é o dobrável com menos câmeras do teste – são três, com duas externas e uma interna.
Ele é seguido pelo Mate XT, com quatro câmeras (três externas e uma para selfies na tela de fora) e pelas cinco no Magic V3 e no Galaxy Z Fold7 (três externas e duas internas).
As lentes principais dos aparelhos seguem o padrão de celulares premium, como Galaxy S25 Ultra e iPhone 16 Pro: uma lente grande angular, uma principal e um zoom óptico.
A única exceção, por conta do tamanho, é a câmera do Motorola, com uma grande angular e uma principal.
Não falta resolução nos sensores de imagem dos aparelhos – todos variam entre 10 e 50 megapixels entre as três lentes.
A maior resolução de câmera é do Galaxy Z Fold7, com 200 megapixels no sensor principal – é uma lente bastante parecida com a do o topo de linha Galaxy S25 Ultra.
Nos quatro celulares, as imagens saem muito nítidas, com contraste ajustado e até pouca variação de cores entre os celulares.
Aliás, como o Guia de Compras já mostrou, é difícil tirar foto ruim com os aparelhos mais modernos.
As fotos noturnas saíram excelentes e, em quase todos, dá para fotografar a Lua – durante os testes, a Lua estava em fase crescente e não ficou muito boa em nenhum deles.