Introdução
A ciência avança rumo a um marco histórico na oncologia com o anúncio dos primeiros testes em humanos da LungVax, primeira vacina preventiva mundial contra o câncer de pulmão. Desenvolvida em parceria entre a Universidade de Oxford e a University College London, a iniciativa recebeu financiamento de R$ 13 milhões e representa uma estratégia inédita de imunização. O estudo está programado para iniciar em 2026, envolvendo 590 voluntários nas fases 1 e 2 de pesquisa.
Desenvolvimento
A tecnologia empregada na vacina experimental utiliza a plataforma ChAdOx2-lungvax-NYESO, similar à desenvolvida pela Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19. O sistema funciona como um vetor viral não replicante, um vírus modificado que não causa infecção e serve como transporte para instruções genéticas específicas. Quando esse material chega às células, induz a produção do fragmento proteico NY-ESO-1, marcador característico de células que começaram alterações pré-cancerosas.
O mecanismo de ação cria uma vigilância imunológica contínua no pulmão, preparando o organismo para identificar alterações iniciais antes que se transformem em tumores. Conforme explica o oncologista Stephen Stefani, do grupo Oncoclínicas, o vetor entrega DNA que ativa células T, colocando o pulmão em estado de alerta constante. Essa abordagem difere fundamentalmente das vacinas terapêuticas baseadas em RNA mensageiro, tradicionalmente aplicadas em pacientes já diagnosticados com câncer.
O estudo inicial focará em pessoas que já tiveram câncer de pulmão em estágio inicial, visando principalmente reduzir o risco de recaída. Os pesquisadores avaliarão parâmetros de segurança, dosagem ideal e primeiros indicadores de eficácia durante as fases iniciais dos testes. A estratégia preventiva representa uma mudança de paradigma no combate ao câncer, tradicionalmente concentrado em tratamentos após o diagnóstico.
Conclusão
O desenvolvimento da LungVax marca um avanço significativo nas estratégias de prevenção do câncer de pulmão, doença que continua entre as principais causas de morte por câncer mundialmente. A abordagem inovadora de treinar o sistema imunológico para reconhecer células com mutações iniciais antes da formação tumoral abre novas perspectivas na oncologia preventiva. Embora o caminho até a possível implementação clínica seja longo, os testes representam um passo crucial na validação científica dessa tecnologia promissora.
