O tornado que atingiu o Sul do Brasil na sexta-feira (7) provocou um dos maiores desastres climáticos da história recente do Paraná, deixando cinco mortos, mais de 430 feridos e milhares de desabrigados. O fenômeno, impulsionado por um ciclone extratropical, destruiu praticamente toda a cidade de Rio Bonito do Iguaçu (PR) e ainda mantém a região Sul em alerta para novos temporais.
Força devastadora
De acordo com a Defesa Civil, as rajadas de vento chegaram a 250 km/h, o que classifica o tornado como de alta intensidade na escala Fujita aprimorada. O fenômeno arrancou casas inteiras, revirou veículos e derrubou estruturas metálicas e torres de energia.
Em Rio Bonito do Iguaçu, cerca de 80% da cidade foi destruída. Quatro mortes foram confirmadas no município e uma em Guarapuava. Ao todo, são mais de 430 feridos, 28 desabrigados e cerca de mil desalojados. Aproximadamente 10 mil pessoas foram afetadas direta ou indiretamente pela tragédia.
“Foi como se um avião tivesse caído. Em segundos, tudo virou destroço”, relatou um morador.
Imagens registradas por moradores mostram casas completamente destruídas, postes retorcidos, caminhões tombados e árvores arrancadas pela raiz. O fornecimento de energia e água segue comprometido, e equipes de resgate continuam atuando na retirada de entulhos e no atendimento às vítimas.
Estragos em outros estados
O sistema também provocou danos em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em Chapecó, Xanxerê e Concórdia, foram registradas rajadas acima de 90 km/h e queda de granizo. No norte gaúcho, municípios como Erechim e Ijuí tiveram destelhamentos, interrupções de energia e bloqueios parciais de rodovias.
Regiões ainda sob risco
Meteorologistas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) alertam que o sistema de instabilidade segue ativo e pode causar novos tornados isolados e tempestades severas até terça-feira (11).
As áreas sob maior risco incluem:
Sudoeste e Oeste do Paraná — Guarapuava, Laranjeiras do Sul, Francisco Beltrão e Cascavel;
Planalto e Oeste de Santa Catarina — Chapecó, Xanxerê e Concórdia;
Noroeste e Serra do Rio Grande do Sul — Erechim, Ijuí e Santa Rosa;
Litoral Norte gaúcho e Sul catarinense — risco de ressaca e ventos de até 100 km/h;
Vale do Ribeira (SP) — possibilidade de ventos intensos e chuva volumosa.
Entenda o fenômeno
O tornado foi gerado pela combinação entre uma massa de ar quente e úmido que vinha do Norte do país e uma frente fria intensa, formando o ciclone extratropical que atua sobre o Sul. Essa mistura cria condições ideais para o surgimento de supercélulas tempestades rotativas com forte potencial para gerar tornados.
Segundo especialistas, a velocidade estimada de 250 km/h coloca o fenômeno entre os mais fortes já registrados no Brasil.
Ações de emergência e reconstrução
O governo do Paraná decretou situação de calamidade pública em Rio Bonito do Iguaçu e pediu apoio federal para reconstrução das áreas atingidas. A Defesa Civil e o Exército Brasileiro montaram uma base de apoio com distribuição de água, alimentos e materiais de abrigo.
A Copel trabalha para restabelecer o fornecimento de energia, enquanto equipes da Sanepar e Prefeitura atuam na limpeza e desobstrução de vias.
“É um cenário de guerra. Nosso foco é salvar vidas e reconstruir a cidade”, disse o prefeito em coletiva neste sábado (8).
Próximos dias
O Inmet prevê que o ciclone comece a se afastar em direção ao oceano entre segunda (10) e terça-feira (11), reduzindo gradualmente o risco de tornados, mas mantendo o alerta para chuvas fortes e ventos intensos em parte do Sul e do Sudeste.
Enquanto isso, o Sul do Brasil tenta se reerguer em meio à destruição. O cenário em Rio Bonito do Iguaçu e nas cidades vizinhas é de comoção e solidariedade, mas também de alerta: o fenômeno pode se repetir em outras áreas nos próximos dias.