O Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou, por unanimidade, um recurso da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro que pedia o arquivamento de investigações sobre suposta interferência política na Polícia Federal (PF). A decisão mantém aberto o inquérito que apura se Bolsonaro cometeu crimes de obstrução de justiça e advocacia administrativa durante seu governo.
Segundo fontes do Ministério Público Federal (MPF), há indícios de que Bolsonaro teria pressionado diretores da PF para obter informações sigilosas de investigações que envolviam familiares e aliados. As provas incluem mensagens e depoimentos de ex-integrantes da cúpula da PF, que afirmam ter sofrido pressões do Palácio do Planalto.
O caso ganhou força após a divulgação de áudios em que o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, acusava Bolsonaro de tentar interferir na PF. Moro chegou a renunciar ao cargo em 2020, citando falta de autonomia para conduzir as investigações. O STF já havia determinado a abertura do inquérito em 2021, mas a defesa do ex-presidente tentou, sem sucesso, encerrar o processo.
O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, destacou que as investigações são fundamentais para apurar possíveis abusos de poder. ‘Não há como arquivar o inquérito diante dos elementos concretos apresentados’, afirmou Moraes em seu voto. A decisão foi acompanhada pelos outros dez ministros da Corte.
A manutenção da investigação pode ter impactos significativos na carreira política de Bolsonaro, que já enfrenta outros processos judiciais. Especialistas apontam que, se condenado, o ex-presidente pode ficar inelegível e até mesmo responder por crimes que levem à prisão.
O caso também reacende o debate sobre a independência das instituições de controle no Brasil. Para analistas, a decisão do STF reforça a importância de investigações imparciais, especialmente em casos que envolvam figuras de alto escalão do poder Executivo.