A recente intensificação de ataques a instalações nucleares no Irã levanta sérias preocupações sobre os riscos de contaminação radioativa, embora a extensão e a gravidade de um possível vazamento dependam de múltiplos fatores, incluindo os alvos específicos, a natureza dos ataques e as condições atmosféricas.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tem alertado sobre os perigos e a necessidade de máxima moderação por parte das partes envolvidas.
Tipos de Instalações Atacadas e Seus Riscos
O Irã possui diversas instalações nucleares com diferentes propósitos e, consequentemente, diferentes níveis de risco em caso de ataque:
- Usina Nuclear de Bushehr: É a única usina nuclear operacional do Irã e, se diretamente atingida, representa o maior risco de liberação de alta radioatividade no ambiente. Um ataque às suas linhas de transmissão de energia elétrica também poderia levar ao derretimento do núcleo do reator, resultando em grande liberação de radioatividade. A AIEA alerta que isso poderia exigir ações de proteção como evacuações e abrigos para a população em um raio de centenas de quilômetros.
- Instalações de Enriquecimento (Natanz e Fordow): Locais como Natanz e Fordow (que é subterrânea e de difícil acesso) são usados para enriquecer urânio. Ataques a essas instalações podem destruir infraestrutura elétrica e causar contaminação radiológica e química dentro das instalações. Embora a radioatividade fora do prédio possa permanecer normal inicialmente, a inalação ou ingestão de partículas radioativas (como partículas alfa) representam um perigo significativo para aqueles próximos. O risco de dispersão é menor para instalações subterrâneas, mas ainda existe.
- Reatores de Pesquisa (Khondab, Teerã): O reator de pesquisa de água pesada de Khondab, por exemplo, teria sido atingido, mas a AIEA não relatou efeitos radiológicos significativos por não estar operacional. Contudo, um ataque ao Reator de Pesquisa Nuclear de Teerã, localizado em uma área densamente povoada, poderia ter consequências graves para grandes áreas da cidade e seus habitantes, exigindo medidas de proteção urgentes.
Consequências Potenciais da Contaminação
Caso haja liberação de material radioativo, as consequências podem ser vastas e duradouras:
- Contaminação Local e Regional: Em caso de ventos fracos, grande parte do material radioativo pode se depositar nas proximidades da instalação. Em caso de ventos fortes, o material pode viajar mais longe, mas também se dispersar mais amplamente. Isso pode afetar a saúde humana e o meio ambiente em grandes áreas.
- Danos à Saúde: A exposição à radiação pode causar doenças agudas (síndrome de radiação aguda) e a longo prazo, como câncer, danos genéticos e efeitos no desenvolvimento humano.
- Impacto no Meio Ambiente: Contaminação de solo, água (incluindo usinas de dessalinização costeiras, que são vulneráveis) e ecossistemas, afetando a agricultura e a vida selvagem.
- Crise Humanitária: Evacuações em larga escala, deslocamento de populações e necessidade de assistência humanitária e médica.
Monitoramento e Alertas da AIEA
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tem monitorado a situação e alertado que, embora até agora não tenham sido registradas liberações radiológicas que afetem o público em larga escala, o perigo existe. A agência reitera que ataques a instalações nucleares “nunca devem ocorrer” e que a segurança nuclear do Irã foi “fortemente degradada” pelos ataques sistemáticos.
A principal preocupação da comunidade internacional é evitar um desastre com consequências catastróficas para a região e para o mundo, à semelhança de acidentes como Chernobyl, embora a escala e o tipo de instalações no Irã sejam diferentes.
