Um relatório financeiro recente trouxe à tona a alarmante situação das contas do Atlético-MG, apontando uma dívida que gira em torno de R$ 2,3 bilhões. O cenário é tão desafiador que, segundo análises de consultorias especializadas, o clube poderia levar até 22 anos para quitar todo o montante, mesmo com o crescimento de receitas em 2024. A informação vem à tona em um momento de reconhecimento público de atrasos em pagamentos a jogadores.
Rafael Menin, um dos acionistas da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Atlético, concedeu uma entrevista coletiva neste sábado (7 de junho de 2025) e fez um “mea-culpa” sobre a situação financeira do clube. Ele confirmou que atrasos nos pagamentos de salários e direitos de imagem para o elenco têm sido recorrentes. “A gente errou muito e aprendeu muito. Ficamos tristes com uma porção de coisas que aconteceu. Como torcedor apaixonado e como investidor da SAF, você não sabe o tanto que dói em mim”, declarou Menin.
Detalhes da Dívida e o Contexto da Arena MRV
O número de R$ 2,3 bilhões é uma estimativa de uma consultoria, e Rafael Menin esclareceu que há diferentes metodologias para calcular a dívida total. Segundo ele, uma parte significativa desse valor – cerca de R$ 500 milhões – está relacionada a adiantamentos de vendas de camarotes, cadeiras cativas e naming rights da Arena MRV. Menin argumenta que esse montante não é uma dívida tradicional a terceiros, mas sim uma receita já recebida em troca de direitos futuros de uso do estádio.
No entanto, mesmo excluindo essa parcela, a dívida bruta do Galo permanece em patamares elevados, na casa de R$ 1,8 bilhão, somando empréstimos onerosos, valores a pagar por aquisições de atletas e dívidas com programas de refinanciamento como o Profut.
Desafios Financeiros e Perspectivas de Pagamento
Apesar de o Atlético ter registrado um aumento de receitas em 2024, com R$ 248 milhões vindos de direitos de transmissão (ante R$ 170 milhões em 2023) e R$ 81 milhões em bilheteria (crescimento de 52%), essas cifras não foram suficientes para compensar o passivo. Os serviços da dívida, como juros e amortizações, consomem uma parte significativa da receita operacional do clube.
A projeção de 22 anos para a quitação da dívida é baseada na utilização de 20% das receitas médias do clube, o que ilustra a complexidade do desafio financeiro. Anteriormente, o Atlético chegou a ter metas de zerar sua dívida até 2030, mas esse prazo parece cada vez mais distante.
Rafael Menin afirmou que a prioridade imediata do clube é regularizar os pagamentos atrasados em até três meses e focar na quitação de juros da dívida. A SAF do Atlético, que recebeu aportes de R$ 838 milhões dos 4 R’s (Rubens Menin, Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador), conseguiu reduzir a dívida bancária, mas o endividamento geral continua sendo um entrave para o planejamento e a competitividade do clube a longo prazo.
A situação financeira do Atlético-MG, embora complexa, é parte de um cenário mais amplo do futebol brasileiro, onde muitos clubes convivem com dívidas bilionárias, dependendo frequentemente de vendas de atletas e de receitas variáveis para manter suas operações.