O Sport Club Corinthians Paulista vive uma das maiores e mais complexas crises políticas de sua história. Com a presidência do clube sendo disputada entre diferentes facções e com reviravoltas diárias, entender “quem é quem” nesse embate é fundamental para compreender o cenário caótico que se instalou no Parque São Jorge. O imbróglio atual, centrado na tentativa de retorno de Augusto Melo ao cargo após ter sido afastado, expõe as profundas divisões internas do Alvinegro.
A seguir, os principais personagens e frentes na guerra política pela presidência do Corinthians:
1. Augusto Melo e Seus Aliados (O “Grupo de Retorno”)
- Augusto Melo: O protagonista da crise. Eleito presidente em dezembro de 2023, sua gestão foi marcada por denúncias de irregularidades (especialmente no “Caso VaideBet”, que levou à rescisão do patrocínio máster e seu indiciamento por associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro), culminando em seu afastamento pelo Conselho Deliberativo em 26 de maio de 2025. No entanto, no último sábado (31), ele se declarou “reconduzido” ao cargo, em uma manobra controversa.
- Maria Angela de Souza Ocampos: Figura-chave na tentativa de Augusto Melo de retomar o poder. Ela se autodeclarou presidente interina do Conselho Deliberativo após o afastamento de Romeu Tuma Jr. (também em meio a polêmicas) e emitiu um ofício anulando atos que levaram ao impeachment de Melo. É uma aliada incondicional de Augusto.
- Outros Aliados: Membros do Conselho Deliberativo e da diretoria que apoiam Augusto Melo, acreditando na legalidade de sua “recondução” e defendendo sua inocência nas acusações que o afastaram. Este grupo luta para reverter o processo de impeachment.
2. Osmar Stábile e a Gestão Interina (A “Situação Legítima”)
- Osmar Stábile: Atual presidente interino do Corinthians. Como primeiro vice-presidente da chapa eleita em 2023 com Augusto Melo, ele assumiu o comando do clube após o afastamento de Melo, conforme determina o estatuto. Stábile não reconhece a tentativa de retorno de Augusto e reafirma que permanece no cargo, classificando a ação de Melo como “golpe”. Ele rompeu com Augusto Melo e teria apoiado o processo de impeachment.
- Armando Mendonça: Primeiro vice-presidente do Corinthians (também da chapa de Melo), ele se posicionou publicamente contra as movimentações de Augusto Melo, acusando-o de tentar um “golpe institucional” e afirmando que Osmar Stábile é o presidente em exercício.
- Diretoria e Conselheiros Opositores: Parte significativa da diretoria e do Conselho Deliberativo que se opôs à gestão de Augusto Melo desde o início, denunciando irregularidades e liderando o processo de impeachment. Este grupo defende a legalidade dos atos que afastaram Melo e apoia Osmar Stábile como o legítimo presidente.
3. Romeu Tuma Jr. e a Presidência do Conselho Deliberativo (Pivô da Crise)
- Romeu Tuma Jr.: Presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians até ser afastado. Ele foi o responsável por conduzir o processo de impeachment de Augusto Melo no Conselho. Sua própria posição no comando do Conselho foi questionada por uma decisão do Conselho de Ética em abril, o que abriu brecha para a ação de Maria Angela Ocampos. Tuma Jr. também se manifestou, falando em “golpe” contra o clube por parte de Augusto Melo.
4. A Torcida Organizada (Observadora e Agente de Pressão)
- Gaviões da Fiel: A principal torcida organizada do Corinthians, embora afirme não ter “lado político” e ser “pelo Corinthians”, tem sido uma força ativa na pressão por transparência e no repúdio a atos que consideram prejudiciais ao clube. Eles têm se manifestado em protestos e cobranças, exigindo clareza e respeito ao estatuto, e sua presença já foi notada em momentos de tensão no Parque São Jorge.
A “guerra” pelo comando do Corinthians não é apenas uma disputa de poder, mas também de narrativas e interpretações do estatuto. A situação segue com a presidência do clube em um limbo jurídico, com a palavra final sobre o futuro de Augusto Melo dependendo de uma assembleia geral de sócios, marcada para 9 de agosto, e de possíveis intervenções judiciais que as partes ameaçam acionar.