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Quem é o empresário de jogadores mais poderoso do Brasil e que tem R$ 300 milhões a receber de clubes

O futebol é cercado de personagens discretos, que aparecem raramente, mas têm um importante papel na construção de equipes vencedoras e na movimentação do mercado de jogadores. Mais do que isso. Nos últimos anos, alguns agentes se tornaram mais poderosos e com mais recursos do que muitos clubes gigantes do futebol brasileiro.

Nessa linha, o empresário mais influente do Brasil neste momento é Giuliano Bertolucci. Aos 53 anos, é ele quem comanda as principais negociações envolvendo os jogadores mais badalados que atuam no Brasil ou no exterior.

Avesso às entrevistas e com perfil discreto, Bertolucci caminha na contramão da fama e do status que o futebol traz aos seus principais personagens. São raros até os registros fotográficos do empresário, que se limita ao convívio familiar e de poucos amigos.

Quem é Bertolucci?

Giuliano Pacheco Bertolucci nasceu em São Paulo e é um dos herdeiros do Grupo Lorenzetti, empresa que produz equipamentos elétricos e uma das líderes do mercado de chuveiros e duchas no Brasil. O pai de Giuliano, Antonio Bertolucci, morreu em 2011, aos 68 anos, atropelado por um ônibus na capital paulista. Na época, ele presidia o Conselho de Administração da empresa.

Um pouco avesso aos negócios, Bertolucci começou no futebol ao lado do sogro, que era dono da Euro Export, empresa que assumiu a gestão do Juventus-SP na década de 1990. Foi a partir daí que surgiu um dos maiores empresários do futebol brasileiro.

Bertolucci negociou inúmeros jogadores daquele time, como o zagueiro Luisão, que passou pelo Benfica e pela Seleção, o meia Thiago Motta (atualmente técnico da Juventus e que fez grande carreira no futebol europeu), além do zagueiro Alex, ex-Santos e com passagem pelo Chelsea.

Antes do trio, Bertolucci foi figura central na ida de Deco, então jovem meia promessa da base do Corinthians, para o futebol português. O negócio rendeu boas amizades para o empresário, que viu as portas dos clubes europeus se abrirem.

Além disso, ganhou força nos bastidores do Corinthians com o ex-presidente Alberto Dualib. Foi lá, por sinal, que conheceu um dos seus maiores parceiros atuais: Kia Joorabchian. A dupla comanda boa parte das negociações envolvendo times brasileiros e ingleses.

– Eu vivo o futebol, vejo jogos quase todos os dias, tenho que viajar muito para poder estar no mercado na hora certa e principalmente saber as necessidades do time e oferecer o atleta certo para o clube, sabendo que existe um setor de rendimento que irá analisar tudo do jogador – disse Bertolucci, em entrevista ao ge em 2023.

tualmente, além da ajuda dos filhos, Bertolucci conta com diversos parceiros comerciais, como Beto Fedato, Júlio Taran e Carlos Meinberg Neto. O grupo possui inúmeros olheiros espalhados pelo Brasil. Eles acompanham jogos de categorias a partir do sub-11 em busca de talentos ainda sem representantes ou que possam fazer parcerias.

De acordo com o relato de várias pessoas ouvidas pelo ge, Bertolucci tem um perfil “simples”, sempre vestido com calça jeans, tênis e camisa básica, longe de identificar o elevado padrão de vida que possui em virtude das conquistas financeiras pelo trabalho desenvolvido no futebol.

Bolada a receber de grandes clubes

Estima-se que Giuliano Bertolucci tenha mais de R$ 300 milhões a receber de grandes clubes brasileiros por intermediações de negócios realizados e por empréstimos feitos nos últimos anos. A lista de clubes que devem ao empresário é extensa.

Infelizmente os clubes são reféns dos empresários, que ganharam dinheiro por simplesmente administrarem melhor do que dirigentes que mexem com a paixão dos outros

O Corinthians, por exemplo, admitiu a dívida de mais de R$ 78 milhões com o agente. O clube busca um acordo para poder equacionar o débito com um dos seus maiores credores. Além do Timão, o São Paulo é outro clube com grande valor pendente com o empresário, cerca de R$ 45 milhões.

Aparecem na lista de clubes que devem dinheiro a Giuliano Bertolucci o Fluminense (mais de R$ 20 milhões); o Vasco (mais de R$ 10 milhões) e o Atlético-MG (cerca de R$ 6 milhões).

Com o Giuliano nem precisamos assinar, a palavra dele basta

— disse ao ge um dirigente sobre Bertolucci.

Apesar das dívidas, Bertolucci segue fazendo negócios com os clubes e tendo boa relação com a maioria deles. De acordo com relatos de pessoas ligadas ao empresário e aos times, a seriedade e a ética na condução dos negócios são bandeiras que Giuliano carrega.

Por isso, evita cobranças e retaliações no mercado.

Mesmo tendo a possibilidade de vetar negócios e até tirar jogadores de determinados times, a postura é a mais amigável possível, nunca usando uma dívida como moeda de troca ou argumentação numa negociação em andamento.

ge ouviu de um dirigente importante do futebol brasileiro que a palavra de Bertolucci costuma valer mais do que qualquer assinatura. Esse mesmo diretor, certa vez, havia acertado a contratação de um jogador agenciado pelo empresário, mas ainda não havia assinado. Outro clube apareceu, ofereceu mais comissão ao agente e tentou convencer o atleta.

Um dos parceiros de Bertolucci, à época, avisou ao clube que tentou furar as negociações que ele poderia oferecer qualquer valor, mas que o jogador iria para onde havia acertado inicialmente.

Um dos casos extremos, porém, foi a saída de Oscar do São Paulo para o Internacional, em 2009. Na ocasião, Bertolucci foi peça central para a tomada de decisão do jogador em trocar de clube.

No entanto, no retorno do meia ao Brasil, houve consenso de que era necessário esquecer o passado e retomar a história do atleta com o time que o formou. Isso facilitou o acerto.

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