O governo brasileiro, sob a liderança de Lula, está se preparando para uma potencial nova rodada de sanções impostas pelos Estados Unidos, devido ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Esse julgamento, que se inicia na próxima terça-feira, dia 2, abrange os principais acusados de envolvimento na tentativa de golpe de Estado ocorrida em 2022.
Bolsonaro enfrenta acusações formuladas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que o considera o “principal articulador, maior beneficiário e autor” das ações destinadas a garantir sua permanência no poder, mesmo após sua derrota nas eleições de 2022. A situação em torno do ex-presidente tornou-se um ponto de atenção internacional, especialmente após comentários do presidente dos EUA, Donald Trump, que relacionou a condição de Bolsonaro a um aumento tarifário de 50% sobre as importações de produtos brasileiros, implementado em 6 de agosto.
Impacto nas Relações entre Brasil e EUA
A menção de Trump ao encerramento dos processos relacionados a Bolsonaro levou membros do governo Lula a acreditarem que a relação entre os dois países se encontra em uma “fase crítica”. A expectativa é que uma condenação do ex-presidente possa desencadear novas sanções econômicas dirigidas não apenas a Bolsonaro, mas também a membros do STF envolvidos no caso.
Embora a implementação de medidas de reciprocidade contra os EUA já estivesse prevista, não está diretamente ligada ao julgamento em si, afirmam os dirigentes governamentais. Assessores do presidente Lula sustentam que é necessário avançar nos trâmites legais para garantir que, se necessário, possam ser tomadas ações de reciprocidade eficazes.
Trâmites e Possíveis Respostas
É importante ressaltar que, devido à complexidade da legislação, a aplicação de uma eventual retaliação poderia levar um tempo considerável, possivelmente se estendendo até o final deste ano ou mesmo até 2026. Os diplomatas analisam que o início desse procedimento poderia também facilitar o diálogo com os EUA, dado que os americanos têm se mostrado relutantes em envolver-se em negociações sobre este tema.
As autoridades brasileiras tomaram a decisão de iniciar essas discussões após constatar que a percepção tanto interna quanto externa sobre o aumento das tarifas é predominantemente política. No entanto, no atual momento, não existe a intenção de adotar barreiras tarifárias ou sobretaxas contra os EUA. Os possíveis métodos de resposta a quaisquer novas sanções seriam principalmente de natureza política, uma vez que qualquer taxação adicional poderia impactar negativamente o setor produtivo no Brasil.
A Resposta a Novas Ameaças
O governo brasileiro está avaliando as implicações de suas respostas futuras às sanções americanas, sempre atento à repercussão que estas poderão ter, tanto no cenário interno quanto no externo. As discussões em curso sobre como reagir a possíveis novos embargos fazem parte de um plano mais amplo para salvaguardar os interesses do Brasil em meio a um ambiente internacional conturbado.
Os desafios nas relações internacionais exigem do Brasil um posicionamento cuidadoso e estratégico, principalmente em tempos em que a política interna também se entrelaça com questões de política externa. Assim, o governo continua a monitorar a situação de perto, pronto para ajustar suas estratégias conforme necessário, ao mesmo tempo em que se prepara para responder a novas adversidades que possam surgir na arena internacional.