A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS ouve nesta quinta-feira (6) o ex-ministro do Trabalho e da Previdência, Onyx Lorenzoni, no Senado Federal. O depoimento faz parte da investigação sobre o esquema de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas, conhecido como a “farra dos descontos”.
Lorenzoni, que comandou a pasta entre 2021 e 2022, no governo Jair Bolsonaro, foi convocado para explicar possíveis falhas nos convênios firmados entre o INSS e entidades associativas que realizaram cobranças automáticas sem autorização dos beneficiários. A CPMI apura se houve omissão de gestores públicos e uso irregular dos sistemas da Previdência por grupos que teriam lucrado com o esquema.
O presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou que a oitiva é “fundamental para esclarecer responsabilidades e entender como o sistema permitiu que aposentados fossem lesados”.
“Queremos identificar quem tinha acesso, senha e poder de decisão dentro do INSS. Só assim poderemos propor medidas concretas para impedir que isso volte a acontecer”, disse o parlamentar.
Onyx Lorenzoni chegou a Brasília afirmando que pretende colaborar com a CPMI. Segundo ele, sua gestão buscou “garantir transparência e eficiência” no atendimento aos segurados.
“O governo Bolsonaro sempre teve o conceito de servir à população. Meu compromisso é com a verdade e com o respeito aos aposentados”, declarou o ex-ministro.
A CPMI deve votar nesta manhã novos requerimentos para convocar ex-presidentes do INSS, dirigentes de sindicatos e representantes de entidades investigadas. O colegiado também discute pedidos de acareação e quebra de sigilos bancários e fiscais de suspeitos.
O relatório final da comissão está previsto para o primeiro semestre de 2026 e deve propor mudanças no sistema de autorizações de descontos e possíveis responsabilizações administrativas e criminais.
A “farra dos descontos” veio à tona após milhares de aposentados denunciarem cobranças indevidas de mensalidades associativas e sindicais em seus benefícios. Estima-se que o prejuízo aos segurados tenha ultrapassado R$2 bilhões nos últimos anos.
A CPMI foi instalada em maio de 2025 e já ouviu ex-dirigentes do INSS e representantes de associações envolvidas. O depoimento de Onyx marca o início da fase de oitivas com ex-ministros e autoridades políticas que comandaram a pasta da Previdência nos últimos governos.