No último domingo (19), Rodrigo Paz Pereira, do Partido Democrata Cristão (PDC), venceu o segundo turno das eleições presidenciais na Bolívia, derrotando Jorge “Tuto” Quiroga com 54,6% dos votos. Essa vitória marca o fim de quase 20 anos de domínio do Movimento ao Socialismo (MAS) e representa uma guinada significativa para a centro-direita no país.
Mudanças políticas e econômicas após duas décadas
A ascensão de Paz ocorre em meio à mais grave crise econômica da Bolívia em gerações, caracterizada por inflação superior a 23%, escassez de combustíveis e reservas internacionais em queda. Seu discurso de campanha, centrado no conceito de “capitalismo para todos”, prometeu manter programas sociais enquanto promove reformas no mercado e aproximação com os Estados Unidos. Seu vice, Edman Lara, ex-oficial da polícia com histórico de combate à corrupção, também desempenhou papel crucial na mobilização popular.
O MAS, partido fundado por Evo Morales, obteve apenas 3% dos votos no primeiro turno e perdeu todos os 21 assentos no Senado, mantendo apenas dois na Câmara dos Deputados. Essa derrota histórica reflete o desgaste do partido, marcado por divisões internas e esgotamento político.
Desafios e perspectivas para o novo governo
Paz assumirá o cargo em 8 de novembro com o desafio de estabilizar a economia, restaurar a confiança dos investidores e lidar com uma oposição fragmentada. Embora sua coalizão tenha maioria na Câmara, ela não possui controle absoluto do Senado, o que exigirá negociações políticas para implementar suas propostas.
O novo presidente também sinalizou disposição para negociar com o Fundo Monetário Internacional (FMI), apesar de sua retórica inicial contra a austeridade. Além disso, há expectativas de uma política externa mais alinhada com os Estados Unidos, após anos de tensões diplomáticas durante os governos do MAS.