O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcou neste domingo para Santiago, no Chile, onde participará na segunda-feira (21) de uma reunião de alto nível em defesa da democracia. O encontro, organizado pelo presidente chileno, Gabriel Boric, ganha contornos de urgência em meio à escalada da crise nas relações entre Brasil e Estados Unidos.
A cúpula, prevista desde fevereiro, ocorre em um momento de tensões crescentes. A pauta inclui discussões sobre a defesa da democracia e do multilateralismo, o combate às desigualdades e o enfrentamento à desinformação e tecnologias digitais. Lula, em seus discursos recentes, tem defendido arduamente a soberania nacional brasileira, e a revogação de vistos de ministros brasileiros pelos EUA, que ele classificou como “medida arbitrária”, adiciona um peso extra ao encontro.
Além de Lula e do anfitrião Gabriel Boric, a reunião contará com a presença dos presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, do Uruguai, Yamandú Orsi, e do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez. Esses cinco líderes já haviam publicado um artigo conjunto em um jornal brasileiro na noite de sábado, defendendo que a “democracia exige capacidade de condenar derivas autoritárias”.
Para o governo brasileiro, a cúpula é uma oportunidade de reforçar a posição do país em prol da estabilidade democrática na região e de buscar apoio internacional diante das pressões externas, especialmente as que vêm de Washington, como o “tarifaço” imposto por Donald Trump. O Palácio do Planalto vê as ações dos EUA como um dos “ataques mais explícitos à democracia brasileira”, ligando-as, em parte, à pressão contra o processo judicial de Jair Bolsonaro e as ações do STF contra as big techs.
A comitiva de Lula deve retornar ao Brasil na segunda-feira (21), após o encerramento da cúpula.
