O escândalo bilionário das fraudes nos descontos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) transformou-se em um campo de batalha político crucial, e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) parece ter vencido o primeiro round contra o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A repercussão do caso, que afeta diretamente milhões de idosos, tem gerado um desgaste significativo para a atual gestão e reativado o tema da corrupção no debate público.
Dados recentes mostram que os valores desviados através de descontos indevidos dispararam no governo Lula. Enquanto em 2022, último ano da gestão Bolsonaro, os descontos somaram R$ 706 milhões, esse montante saltou para R$ 2,6 bilhões em 2024, já sob a administração petista. Essa escalada nos números se tornou um “calcanhar de Aquiles” para o Planalto.
A Estratégia de Bolsonaro e o Impacto na Percepção Pública
A oposição, liderada por Bolsonaro, não perdeu tempo em capitalizar sobre a crise. O ex-presidente tem usado ativamente o escândalo em sua campanha política, lançando vídeos e mensagens com o slogan contundente: “Aposentadoria é sagrada. Quem rouba, não cuida”. O deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) também viralizou com um vídeo em que atribuía a responsabilidade pelo esquema ao governo Lula, alcançando milhões de visualizações e intensificando a pressão nas redes sociais.
A estratégia tem surtido efeito na opinião pública. Uma pesquisa Genial/Quaest revela que a corrupção voltou a ser apontada por 13% dos entrevistados como a principal fonte de preocupação, um aumento em relação aos 9% registrados no início do ano. Além disso, no recorte específico sobre as fraudes do INSS, 31% dos brasileiros já apontam o governo Lula como o principal responsável pelos desvios, segundo levantamento da Quaest, mesmo com o governo tentando atribuir a origem do problema à gestão anterior.
O Desgaste do Governo Lula
Apesar das tentativas do governo Lula de desvincular-se do escândalo, argumentando que o esquema teve início em gestões passadas e que a descoberta da fraude se deu por sua atuação investigativa, a percepção de que a situação se agravou sob sua tutela tem sido difícil de reverter. Analistas apontam que a demora, a cacofonia e a desorganização na resposta inicial do governo contribuíram para o “pânico” no Planalto e para o desgaste da imagem presidencial.
Para o governo, a prioridade agora é acelerar a devolução dos valores indevidamente descontados de aposentados e pensionistas, um processo que ainda está em curso e que tem gerado enorme expectativa entre as vítimas. A capacidade de ressarcir os lesados de forma eficiente e de punir os responsáveis será crucial para tentar reverter a percepção negativa que se instalou neste “primeiro round” da batalha pelo INSS.
A disputa pelo tema da Previdência Social e da segurança dos aposentados promete continuar acirrada no cenário político brasileiro, com ambos os lados buscando usar o escândalo como trunfo para suas narrativas.