O presidente Luiz Inácio Lula da Silva formalizou nesta quinta-feira (20) a indicação do Advogado-Geral da União, Jorge Messias, para ocupar a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) após a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso. A decisão, aguardada nos bastidores, consolida um dos movimentos mais relevantes do governo na área institucional deste ano.
Messias, de 45 anos, é recifense, formado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e possui mestrado e doutorado pela Universidade de Brasília (UnB). Ele atua na estrutura do governo federal desde 2007, passando por ministérios e pela Casa Civil, até assumir o comando da AGU no início do atual mandato presidencial.
Além de ser considerado um nome técnico e de perfil discreto, Messias é visto como figura de confiança de Lula. Sua indicação vinha sendo ventilada há semanas por lideranças do governo, incluindo o senador Jaques Wagner, que afirmava nos bastidores que a escolha do presidente estava praticamente decidida.
O Planalto também avalia que a presença de Messias no Supremo pode ampliar a interlocução do governo com setores evangélicos, já que o indicado é batista fator considerado estratégico em um cenário de forte disputa política e simbólica entre grupos religiosos.
Apesar de ser favorito, Messias enfrentará uma etapa decisiva: a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, seguida de votação secreta no plenário. Parte da resistência vem de grupos que defendiam outros nomes, como o do senador Rodrigo Pacheco (PSD), e que apontam risco de “politização excessiva” no STF com a indicação de aliados próximos ao presidente.
Se aprovado, Messias poderá atuar na Corte até completar 75 anos, o que lhe garante potencial influência por três décadas. A confirmação também reforçará o impacto de Lula na composição do Supremo, que já conta com outros indicados do atual governo.
Em nota divulgada após o anúncio, o indicado afirmou estar “honrado” e prometeu demonstrar ao Senado que cumpre todos os requisitos constitucionais para o cargo, reiterando seu compromisso com o Estado Democrático de Direito e com a integridade institucional.
A votação no Senado ainda não tem data definida, mas deve ocorrer nas próximas semanas, em meio a intensa articulação política. O Palácio do Planalto trabalha para evitar um desgaste que possa comprometer outras pautas prioritárias do governo.