O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reuniram neste domingo (26), durante a 47ª Cúpula da ASEAN, em Kuala Lumpur, e deram início a uma nova rodada de negociações para encerrar a crise comercial entre Brasil e Estados Unidos. O encontro marcou a reaproximação entre os dois países após meses de tensão e tarifas elevadas impostas pelos EUA a produtos brasileiros.
Segundo Lula, Trump “garantiu” que um novo acordo comercial será firmado nos próximos dias. “O presidente Trump me assegurou que resolveremos essa questão rapidamente. Tenho confiança de que chegaremos a um entendimento que beneficie os dois países”, disse Lula após o encontro.
Trump, por sua vez, preferiu adotar um tom mais cauteloso, afirmando que o diálogo foi “muito produtivo”, mas que “vamos ver o que acontece”, sem confirmar prazos ou compromissos específicos.
O principal tema da conversa foi a tarifa de 50% que os Estados Unidos aplicaram sobre produtos brasileiros, como carne bovina, café e aço. A medida que o governo americano justificou como resposta a desequilíbrios comerciais e fatores políticos internos do Brasil. Lula entregou a Trump um documento técnico preparado pelo Itamaraty, pedindo a suspensão das tarifas e apresentando propostas para reequilibrar o comércio bilateral.
De acordo com fontes diplomáticas, as equipes de ambos os governos iniciarão negociações imediatas para tratar das tarifas e de sanções impostas a autoridades brasileiras. Apesar da expectativa positiva, ainda não há confirmação de que os EUA aceitarão suspender as medidas durante o período de negociação.
Para o governo brasileiro, a retomada do diálogo é um sinal de avanço diplomático. “Foi uma reunião importante. O presidente Lula mostrou firmeza e disposição para encontrar soluções que fortaleçam as relações com os Estados Unidos”, disse um assessor da Presidência.
Especialistas avaliam que um eventual acordo pode ter impacto direto no agronegócio, nas exportações industriais e na estabilidade das relações econômicas entre os dois países. “Se houver boa vontade de ambos os lados, o Brasil pode recuperar competitividade e atrair novos investimentos”, avalia o economista Marcos Alves, da Fundação Getúlio Vargas.
Além das tarifas, Lula e Trump conversaram brevemente sobre energia limpa, meio ambiente e cooperação tecnológica, áreas nas quais os dois governos divergem, mas que podem ser incluídas em um futuro acordo bilateral.
O Itamaraty informou que novas reuniões entre representantes dos dois países serão realizadas nas próximas semanas, e não está descartada uma visita oficial de Lula a Washington ainda este ano.