Em meio à crescente tensão comercial com os Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstrou uma significativa mudança em seu discurso, adotando um tom mais cauteloso ao abordar o “tarifaço” imposto por Donald Trump. Em pronunciamento durante o 17º Encontro Nacional do PT, Lula evitou críticas diretas a Trump e buscou separar os aspectos comerciais e políticos da crise.
Essa nova postura do presidente é vista como uma tentativa de “colocar a bola no chão” para não prejudicar as negociações comerciais. O vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda Fernando Haddad estão engajados em diálogos com autoridades americanas, como o secretário do Tesouro Scott Bessent, para preparar o terreno para uma possível conversa direta entre Lula e Trump.
Apesar do tom mais ameno, Lula reafirmou que as propostas de negociação estão sobre a mesa e que o Brasil continuará a defender sua soberania. A diplomacia brasileira, no entanto, teme que Trump adote um tom desrespeitoso em uma eventual conversa.
O governo também trabalha na elaboração de um plano de socorro para os setores afetados pelas tarifas e em uma defesa do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, que foi alvo de sanções pela Lei Magnitsky. A aplicação dessa lei contra Moraes foi interpretada no Palácio do Planalto como um reforço da tese de que a negociação do tarifaço está ligada à situação jurídica de Jair Bolsonaro. A oposição tem criticado a postura do governo, com Antonio Rueda, presidente do União Brasil, cobrando que Lula ligue para Trump. O próprio Lula quer conversar com Rueda após as críticas.
A estratégia atual do governo reflete a percepção de que a escalada do tom político prejudica a negociação comercial, que busca aumentar a lista de produtos isentos das taxações americanas.