Presidente eleito do Chile com 17 pontos de vantagem, o ultradireitista José Antonio Kast consolidou sua campanha no combate ao tripé imigração-criminalidade-baixo crescimento econômico, para obter do eleitor um voto menos ideologizado e mais pragmático. Nesta terceira campanha para a Presidência, Kast moderou o tom, distanciou-se do habitual apoio à ditadura de Pinochet e concentrou-se em temas mais caros aos chilenos. Kast foi bem-sucedido nesta empreitada que alçou a extrema direita ao poder pela primeira vez desde a redemocratização do país.
A lavada de votos sobre sua adversária, a comunista Jeannette Jara, não diminui, contudo, os desafios que o futuro presidente terá pela frente. Ele enfrentará um Parlamento fragmentado e sem maioria, que vai requerer costuras políticas para levar adiante seus projetos de combate ao crime e ao controle da imigração e de cortes de gastos públicos. Durante a campanha, o presidente eleito insistiu no objetivo de expulsar estrangeiros sem residência legal.
“Se eles não saírem voluntariamente, nós os encontraremos e os deportaremos. ” Inspirado no modelo trumpista, prometeu construir um muro na fronteira com a Bolívia. Kast se escorou no descontentamento popular com a segurança e defendeu a construção de megaprisões, como em El Salvador, de Nayib Bukele, de quem se declara admirador.
Embora o Chile seja o quarto país mais seguro da América Latina, segundo o Índice Global da Paz 2025, 87% dos chilenos dizem perceber um aumento da criminalidade no último ano. No discurso de vitória, ele se mostrou conciliador e reduziu as expectativas sobre mudanças rápidas e radicais. Católico fervoroso, pai de nove filhos, pareceu deixar de lado os prognósticos de uma possível guerra cultural no país.