Em uma reviravolta no discurso da ala bolsonarista sobre as relações comerciais com os Estados Unidos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou à CNN que se arrependeu de uma postagem anterior relacionada às tarifas impostas pelo presidente Donald Trump ao Brasil. A declaração, que marca uma mudança de tom, sugere uma tentativa de recalibrar a comunicação em meio à escalada da crise diplomática e econômica.
Embora o teor exato da postagem que gerou o arrependimento não tenha sido detalhado, Flávio Bolsonaro já havia se manifestado publicamente sobre as políticas de Trump, muitas vezes em sintonia com a linha de defesa do governo americano. A mudança de postura pode estar ligada ao impacto real do “tarifaço” em setores econômicos importantes, especialmente o agronegócio, que tem sofrido com as sobretaxas.
A retração de Flávio Bolsonaro contrasta com a postura mais radical de seu irmão, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que tem acusado o ministro Alexandre de Moraes e o presidente Lula de “estimular tensão com os EUA” e afirmou que Trump “não vai recuar”. O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, pai de ambos, agradeceu Trump publicamente e tem acusado processos judiciais de tentarem tirá-lo da política.
A declaração do senador pode indicar uma dissidência interna na estratégia de comunicação do bolsonarismo ou uma tentativa de se alinhar a uma visão mais pragmática diante da inevitabilidade do “tarifaço”, que, segundo um jornal dos EUA, estaria “saindo pela culatra” e fortalecendo a união interna do Brasil. O governo Lula, por sua vez, defende um trabalho “de bastidor” para negociar a questão e ainda espera excluir setores.
Ainda não se sabe se o arrependimento de Flávio Bolsonaro significa uma mudança mais ampla na postura do grupo em relação às tarifas ou apenas um ajuste pontual na retórica.