O governo dos Estados Unidos anunciou a retirada de parte das tarifas aplicadas a produtos agrícolas como café, carne bovina e frutas tropicais, em uma medida voltada a conter a alta dos preços de alimentos no país. O decreto, assinado pelo presidente Donald Trump na sexta-feira (14), passa a valer de forma imediata.
A decisão elimina a tarifa recíproca de 10% que havia sido imposta em abril a uma série de produtos importados. Embora retire esse percentual, a Casa Branca manteve a sobretaxa adicional de 40%, adotada em agosto para diversos itens do setor agrícola. A suspensão possui efeito retroativo a partir da meia-noite de quinta-feira.
Entre os produtos beneficiados estão café e derivados, carne bovina, frutas tropicais, sucos, laranjas, tomates, bananas e insumos agrícolas como alguns tipos de fertilizantes.
Motivo do recuo
Segundo autoridades americanas, o governo decidiu aliviar parte das tarifas devido ao impacto direto sobre o custo das compras de alimentos, tema que se tornou central no debate político local nas últimas semanas. A inflação acumulada e o aumento de preços em supermercados pressionaram o governo a buscar instrumentos rápidos de redução dos custos.
A administração Trump argumenta que muitos dos produtos afetados não são produzidos em escala suficiente pelos EUA, o que torna o imposto adicional um fator que encarece o abastecimento interno.
Possíveis efeitos para o Brasil
O Brasil aparece entre os países potencialmente beneficiados. Maior exportador de café para os EUA, o país também tem forte presença no mercado de frutas e carne bovina. Setores produtivos brasileiros avaliam que a retirada da tarifa de 10% pode ajudar a recuperar parte da competitividade perdida após o pacote tarifário imposto nos últimos meses.
Entidades como o Cecafé e a Abiec aguardam a consolidação das regras para medir o impacto efetivo sobre as exportações. Mesmo com o alívio parcial, empresas e analistas alertam que a manutenção da sobretaxa de 40% ainda impõe barreiras importantes.
Reações e próximos passos
O governo brasileiro recebeu a medida como positiva, embora parcial. Especialistas em comércio exterior também avaliam que o movimento representa um recuo estratégico do governo americano diante da pressão inflacionária e do clima eleitoral.
Ainda não há previsão para a revisão das sobretaxas de 40%, e novas negociações devem depender do comportamento dos preços e da pressão de setores econômicos dentro dos Estados Unidos. Países da América Latina, como Equador, Guatemala, El Salvador e Argentina, também foram incluídos em acordos recentes de flexibilização tarifária, em um sinal de que Washington tenta redesenhar sua política de importação agrícola.
A decisão, no entanto, não encerra as incertezas. Exportadores aguardam detalhes sobre como o alívio tributário será aplicado na prática e se o corte será repassado ao consumidor final norte-americano nos próximos meses, ponto considerado essencial para medir o alcance real da iniciativa.