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Eleições na CBF: Samir Xaud Assume Presidência em Meio a Cobranças dos Clubes e Tentativas de Reforma

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) viveu uma semana decisiva que culminou na eleição de seu novo presidente. Samir Xaud, representante da Federação Roraimense de Futebol, assumirá o comando da entidade no próximo domingo, 25 de maio de 2025, para o quadriênio 2025-2029, como candidato único. Sua eleição ocorre após a desistência de Ednaldo Rodrigues de tentar retornar ao cargo e a articulação que inviabilizou outras candidaturas, como a de Reinaldo Carneiro Bastos, da Federação Paulista de Futebol, que tinha forte apoio dos clubes.

A eleição se deu em um cenário de grande efervescência política nos bastidores do futebol brasileiro, marcado por:

1. Afastamento e Retorno Frustrado de Ednaldo Rodrigues: Ednaldo Rodrigues, que havia sido afastado da presidência em dezembro de 2024 e reconduzido ao cargo por decisão judicial em fevereiro de 2025, foi novamente destituído em 15 de maio. Em um movimento que surpreendeu muitos, ele anunciou no dia 19 de maio que não recorreria da decisão, desistindo de retomar o comando da CBF. Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da confederação, assumiu interinamente e convocou as eleições extraordinárias.

2. O Manifesto dos Clubes e as Cobranças por Mudanças: A eleição ocorreu em um momento de intensa insatisfação dos clubes brasileiros com a atual estrutura e governança da CBF. Nesta segunda-feira, 19 de maio, a Libra e a Liga Forte União (LFU), que representam 38 dos 40 principais clubes das Séries A e B, divulgaram um manifesto com reivindicações urgentes à CBF. Entre os principais pontos exigidos pelos clubes estão:

  • Alteração do processo eleitoral: Os clubes pedem uma mudança no peso dos votos, pois atualmente as federações estaduais têm peso três, os clubes da Série A peso dois e os da Série B peso um, o que na prática dá um poder desproporcional às federações. Essa estrutura foi decisiva para a eleição de Samir Xaud, que conseguiu articular apoio majoritário entre as federações.
  • Obrigatoriedade da participação dos Clubes em Assembleias Gerais.
  • Reconhecimento de que as propriedades comerciais das Séries A e B pertencem aos Clubes.
  • Alteração das regras de governança: Exigência de mais poder executivo para a Comissão Nacional de Clubes.
  • Profissionalização da arbitragem: Com dedicação exclusiva e treinamento permanente para árbitros das Séries A e B.
  • Participação dos clubes na definição do calendário de 2026 a 2030.
  • Apoio financeiro ampliado às Séries B, C e D, e ao Futebol Feminino.
  • Estabelecimento de regras de “Fair Play” Financeiro.

3. Samir Xaud e seus Desafios: Samir Xaud, médico de 41 anos com especialização em infectologia e medicina esportiva, assume a CBF com a promessa de uma “gestão transparente” e descentralizada. Ele já confirmou que o técnico Carlo Ancelotti, anunciado antes da turbulência na presidência, cumprirá seu contrato e morará no Brasil.

No entanto, o novo presidente terá o grande desafio de responder às demandas dos clubes e iniciar um diálogo para modernizar a estrutura da CBF. A falta de concorrência na eleição e o peso desproporcional das federações já geram desconfiança em parte do ambiente do futebol.

A política interna da CBF continua sendo um campo de batalha entre federações e clubes, com a chegada de Samir Xaud marcando um novo capítulo nessa disputa, onde a pressão por reformas e por uma gestão mais democrática e transparente será constante.

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