Introdução
O cenário político bolsonarista enfrenta uma ruptura significativa com declarações contraditórias de suas principais lideranças. Enquanto Valdemar Costa Neto, presidente do PL, admite publicamente a existência de um planejamento golpista, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, mobiliza esforços em Brasília para viabilizar a anistia de Jair Bolsonaro. Esta divergência estratégica expõe fissuras no alinhamento do grupo e ameaça diretamente os objetivos políticos compartilhados.
Desenvolvimento
Valdemar Costa Neto, em evento realizado no interior de São Paulo no último sábado, reconheceu abertamente que houve um planejamento para um golpe de Estado no país. Sua declaração incluiu o respeito à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que condenou Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão pela tentativa de golpe. Essa admissão, inédita entre aliados do ex-presidente, gerou imediata rejeição no interior do grupo.
Aliados bolsonaristas avaliam que a fala de Valdemar constitui um sincericídio político, fornecendo argumentos para que o campo governista se articule contra a proposta de anistia. Eles entendem que a admissão pública de um fato até então negado enfraquece a narrativa de perseguição política, base sobre a qual se sustenta a defesa de Bolsonaro.
Paralelamente, Tarcísio de Freitas viaja a Brasília em uma missão de alto risco político. Seu objetivo é destravar as negociações para a aprovação do projeto de anistia que beneficiaria o ex-presidente. O governador paulista já enfrentava desgaste junto a setores do Congresso para avançar com a pauta, e a declaração de Valdemar é percebida como um revés estratégico em seus esforços.
Interlocutores de Tarcísio manifestaram profundo descontentamento com a postura do presidente do PL. Eles avaliam que a declaração equivale a uma sabotagem interna, complicando ainda mais uma articulação já delicada. A viagem de Tarcísio, que deveria focar em convencer parlamentares e lideranças, agora terá de contornar os efeitos negativos gerados pela admissão de Valdemar.
Conclusão
A divergência pública entre Valdemar Costa Neto e Tarcísio de Freitas ilustra a falta de coesão e a crise de direção no campo bolsonarista. Enquanto um opta pelo reconhecimento dos fatos judiciais, o outro insiste na estratégia de anistia política. Esta cisão não apenas fragiliza a posição de Bolsonaro perante a opinião pública e o STF, mas também coloca em risco a viabilidade do próprio projeto de lei que busca sua absolvição. O episódio deixa claro que a unidade do grupo está ameaçada, e seus integrantes agora precisam gerenciar conflitos internos além dos embates políticos externos.