O segundo dia da Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), realizada em Belém, foi marcado por confusão, protestos e dificuldades logísticas que colocaram em evidência os desafios da realização do evento na capital paraense.
Na noite de terça-feira (11), manifestantes indígenas romperam parte das barreiras de segurança e tentaram entrar na área oficial da conferência. O grupo, formado majoritariamente por lideranças amazônicas, protestava contra a falta de representatividade nos debates e a ausência de medidas concretas voltadas aos povos tradicionais. Cartazes com frases como “Nossa terra não está à venda” e “Sem floresta, não há futuro” dominaram a cena.
A tensão resultou em empurra-empurra e ferimentos leves em dois seguranças. Segundo relatos, os manifestantes foram contidos pela equipe de segurança após cerca de 20 minutos de confronto. “Estamos aqui porque a COP está falando de nós sem nos ouvir”, afirmou uma das lideranças indígenas durante a manifestação.
Além da confusão, o evento também enfrentou imprevistos causados pelas fortes chuvas que atingiram Belém. Partes do centro de convenções ficaram alagadas, inclusive a área de imprensa, o que gerou críticas nas redes sociais e ironias sobre a falta de estrutura para um encontro que discute mudanças climáticas.
Outro ponto de tensão veio de uma carta assinada por mais de 60 ativistas pedindo o desligamento da agência de comunicação responsável pelo evento, acusada de ter vínculos com empresas do setor de combustíveis fósseis. A pressão reforçou o clima de insatisfação que marcou a terça-feira.
Negociações seguem sob clima tenso
Mesmo com os incidentes, as negociações da COP30 seguem com foco em temas centrais, como o financiamento climático e a preservação das florestas tropicais. O Brasil tenta conduzir as discussões sob o lema da “implementação”, buscando transformar promessas em ações efetivas.
Entretanto, a ausência de representantes de alto escalão dos Estados Unidos reduziu o peso político de algumas conversas multilaterais e trouxe apreensão sobre os resultados concretos da conferência.
Expectativas para esta quarta-feira
Para hoje (12), estão previstas reuniões sobre o Fundo de Florestas Tropicais, debates sobre a redução do uso de combustíveis fósseis e novos anúncios de acordos bilaterais. A segurança foi reforçada após os protestos, e a organização promete ajustes na infraestrutura para evitar novos transtornos.
O episódio de ontem serviu como alerta sobre a complexidade de sediar um evento dessa magnitude na Amazônia. Mais do que metas climáticas, a COP30 vem expondo a necessidade de diálogo real entre governos, povos tradicionais e sociedade civil, um desafio que se tornou tão urgente quanto as próprias mudanças climáticas.