O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), tornou-se um dos primeiros líderes estaduais a admitir publicamente os impactos do “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Em uma coletiva de imprensa realizada neste domingo, Caiado não apenas reconheceu a gravidade da medida, mas também anunciou uma linha de crédito emergencial para auxiliar as empresas goianas afetadas pelas novas tarifas.
A postura de Caiado difere um pouco da cautela inicial de outros governantes e da previsão do Ministério da Fazenda de um impacto “pouco significativo” no PIB nacional. O governador, no entanto, destacou a vulnerabilidade de setores específicos de seu estado. “Não podemos tapar o sol com a peneira. O tarifaço do Trump é uma realidade e vai atingir nossos produtores, especialmente do agronegócio”, afirmou Caiado. “Por isso, agimos rápido para mitigar os prejuízos e proteger nossos empregos.”
A linha de crédito, que será operada por bancos estaduais e agências de fomento, visa oferecer condições especiais de financiamento para empresas dos setores mais atingidos, como o de carne, aves, sucos cítricos e alguns produtos da indústria mineral, que são importantes na pauta de exportação de Goiás para os EUA. Detalhes sobre os juros, prazos e condições de acesso ainda serão divulgados, mas a prioridade será para micro, pequenas e médias empresas.
A iniciativa de Caiado pode ser vista como um movimento proativo para blindar a economia local e, ao mesmo tempo, capitalizar politicamente sobre a crise. Ao reconhecer o problema e oferecer soluções, o governador se posiciona como um gestor atento às necessidades do setor produtivo.
A medida do governo de Goiás ocorre enquanto o Senado Federal tenta adiantar uma missão aos EUA para evitar a taxação de 50%, e o governo Lula e o ex-presidente Bolsonaro trocam acusações sobre a responsabilidade pela escalada das tensões. Caiado, com seu movimento, busca se destacar ao apresentar uma resposta prática à crise.