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Análise: Lula “Surfa” na Onda do “Nós Contra Eles”

O recente “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos, sob a gestão de Donald Trump, tem se mostrado um terreno fértil para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçar e capitalizar sobre a narrativa política do “nós contra eles”. Essa estratégia, que busca polarizar o debate e unificar sua base eleitoral em torno de um inimigo comum, parece estar rendendo dividendos políticos ao governo.

Análises políticas e pesquisas de opinião, como a recente Quaest, indicam que a postura de Lula em criticar as medidas americanas e defender a soberania brasileira ressoa com uma parcela significativa da população. Ao confrontar Trump e as tarifas, Lula consegue se posicionar como o defensor dos interesses nacionais, criando uma dicotomia clara entre o Brasil (representado por seu governo) e uma força externa que tenta prejudicar o país.

Pontos-chave da estratégia “Nós Contra Eles” no contexto atual:

  1. Inimigo Externo: A imposição de tarifas por Trump oferece um “inimigo externo” tangível. Isso permite que o governo desvie o foco de problemas internos e concentre a atenção em uma ameaça vinda de fora, unindo diferentes setores da sociedade em torno da defesa do país.
  2. Discurso de Soberania: Lula tem enfatizado a necessidade de reciprocidade e a defesa da soberania brasileira. Esse discurso, que apela ao nacionalismo, é eficaz para mobilizar apoio e justificar eventuais contramedidas comerciais.
  3. Melhora na Aprovação: A pesquisa Quaest, que aponta 55% dos brasileiros considerando que Lula provocou Trump, também mostra que 53% aprovam a reação do presidente às tarifas e o veem como um líder firme. Além disso, a aprovação geral do governo apresentou uma leve melhora. Isso sugere que a polarização em torno do tema internacional está sendo benéfica para a imagem do presidente.
  4. Polarização Interna Reforçada: Embora a narrativa principal seja “Brasil contra EUA”, essa situação também alimenta a polarização interna. Setores bolsonaristas, por exemplo, tentam culpar o governo Lula pelo “tarifaço”, o que permite a Lula e sua base reforçarem a ideia de que há “eles” (oposição) que não defendem os interesses do país. A própria Trump Media, ao acusar Moraes de “nova ordem ilegal”, contribui para essa polarização, vinculando temas internos a figuras da oposição.
  5. Aproveitamento de Oportunidades: A Secom, ao avaliar um novo slogan para o governo, demonstra a intenção de capitalizar a situação para moldar a percepção pública e reforçar a imagem de um governo que defende o Brasil.

Apesar dos riscos inerentes a uma estratégia polarizadora, como o aprofundamento das divisões políticas, o cenário atual de confronto comercial com os EUA parece ter oferecido a Lula uma oportunidade de ouro para “surfar” nessa onda do “nós contra eles”, consolidando sua base e buscando ampliar seu apoio popular.

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