Nos últimos dias, vivenciamos um quadro de instabilidade política agravado pela ocupação dos plenários da Câmara e do Senado por parlamentares aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, como forma de protesto contra medidas do Supremo Tribunal Federal. A ação resultou na paralisação das atividades legislativas logo após o recesso, marcando o início de uma crise institucional rara e profunda.
Os oposicionistas, organizados principalmente pelo PL, exigem pautas como anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 e o fim do foro privilegiado, além de ameaçar boicotar sistematicamente o funcionamento do Congresso. Essa mobilização coloca em xeque a autoridade dos presidentes das Casas, Hugo Motta e Rodrigo Pacheco, além de gerar forte tensão entre os Poderes.
Adicionalmente, o país atravessa diversos pontos de contenda entre Legislativo, Judiciário e Executivo — desde a judicialização de pautas como drogas e aborto até a tentativa do Legislativo de limitar decisões monocráticas do STF. Esse cenário revela uma erosão da harmonia institucional que compromete a governabilidade.
A imagem desenhada é a de um Congresso em crise interna, cujo funcionamento está comprometido por divisão política intensa, falta de diálogo e práticas que põem em risco o funcionamento organizado da democracia. Se a crise não for contida com responsabilidade e diálogo, as consequências poderão ser duradouras.