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A “Guerra Econômica” de Trump Abre Novo Capítulo e Amplia a Incerteza Global

As políticas econômicas do ex-presidente Donald Trump, que ganham destaque crescente em meio à sua campanha para retornar à Casa Branca, estão abrindo um novo e preocupante caminho na “guerra econômica” global. Análises recentes de economistas e instituições financeiras apontam para um cenário de intensificação da incerteza, com impactos que se estendem da inflação ao comércio internacional e à confiança dos investidores.

Desde que Trump assumiu a presidência pela primeira vez, sua abordagem “America First” redefiniu as relações comerciais, utilizando tarifas como uma ferramenta central de política externa. Agora, as expectativas e os primeiros movimentos de uma possível segunda administração Trump indicam uma escalada ainda maior dessas medidas, com efeitos que já começam a ser sentidos e projetados para os próximos anos.

O Novo Rumo da Política Econômica

A política econômica de Trump tem sido caracterizada por:

  • Tarifas Generalizadas: Ameaças e implementações de tarifas amplas sobre importações de diversos países, não apenas a China, mas também aliados tradicionais como a União Europeia. O objetivo declarado é proteger a indústria doméstica e reduzir o déficit comercial americano.
  • Nacionalismo Econômico: Priorização da produção e do emprego dentro dos EUA, o que pode levar a pressões para a relocalização de cadeias de suprimentos e à restrição de investimentos estrangeiros.
  • Abordagem Transacional: Relações comerciais baseadas em negociações bilaterais e muitas vezes impositivas, em detrimento de acordos multilaterais e da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Analistas da ANEFAC e do Council on Foreign Relations destacam que essa postura protecionista já causa turbulências. Em abril de 2025, o anúncio de novas tarifas, como as chamadas “Liberation Day tariffs” (tarifas amplas de 10% globalmente, e 25% em certos países), já gerou bilhões em perdas no mercado de ações e uma desvalorização do dólar em certos períodos.

Aumentando a Incerteza Global

A principal consequência dessas políticas é o aumento exponencial da incerteza econômica global. Quando empresas e investidores não sabem quais regras de comércio enfrentarão amanhã, eles adiam investimentos, reduzem a confiança e impactam o crescimento.

  • Impacto na Inflação e Crescimento: Especialistas, como os do Instituto Humanitas Unisinos (IHU), alertam que o retorno de tarifas comerciais pode replicar consequências internas nos países europeus, aumentando a inflação e impactando o poder de compra das famílias. Além disso, a economia dos EUA já registrou contração no primeiro trimestre de 2025, em parte devido à incerteza e interrupções na cadeia de suprimentos causadas por anúncios tarifários erráticos.
  • Volatilidade nos Mercados: Bolsas de valores, taxas de juros e câmbio têm apresentado trajetórias instáveis, refletindo o nervosismo dos investidores. A incerteza sobre as tarifas de Trump tem sido uma das principais causas de “temor extremo” nos mercados, segundo índices financeiros.
  • Reorganização de Cadeias de Suprimentos: Empresas são forçadas a reconsiderar suas políticas econômicas e cadeias de suprimentos, buscando alternativas para evitar os custos das tarifas, o que pode levar a um aumento de custos e à redução da eficiência global.
  • Tensionamento Geopolítico: Além do impacto econômico, a “guerra comercial” de Trump intensifica tensões geopolíticas, com o potencial de escalar conflitos regionais e rivalidades entre nações.

O presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, já alertou que “a incerteza e a volatilidade estão contribuindo, sem dúvida, para um ambiente econômico e empresarial mais cauteloso”. A política tarifária de Trump, portanto, não é vista apenas como uma medida comercial, mas como um elemento de desestabilização que pode ter impactos de longo prazo na economia global, forçando os países a se adaptarem a um cenário de maior protecionismo e imprevisibilidade.

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