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Delegada pediu exoneração meses antes da morte de ex-delegado: ‘poderia ter sido vítima’

Poucos meses antes da morte do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, crime investigado pela polícia de São Paulo, a delegada Raquel Gallinati precisou pedir exoneração do cargo que ocupava na Secretaria da Segurança Pública de Santos, no litoral paulista, por receber ameaças de morte. Ela também teve dados pessoais expostos.

Raquel deixou o cargo no final de maio depois que um vereador da cidade publicou, em uma rede social, detalhes do trajeto que ela fazia até a casa, o trabalho e lugares que ela frequentava.

Apesar de ter uma escolta fornecida pelo Município, a sensação era de insegurança, como relatou em entrevista. Por isso, a delegada decidiu usar recursos próprios para adquirir um carro blindado.

Para ela, ameaças de morte contra policiais não são levadas a sério como deveriam, deixando esses profissionais em situações vulneráveis:

“Contra ameaça, perseguição, é como se fosse um nada jurídico, não existe uma punição correlata. É um país em que se espera que o crime que foi previamente anunciado seja executado, aí o Estado e o sistema de justiça punir”, afirma.

Raquel Gallinati pediu uma investigação contra o vereador que expôs as informações pessoais dela, obtidas por meio de um sistema que apenas policiais têm acesso. O parlamentar agora é investigado em um inquérito policial sobre o caso.

Quando soube da morte de Ruy Ferraz, com quem já trabalhou, ela sentiu que também poderia ter sido uma vítima:

“Me trouxe uma sensação muito ruim, porque é saber na pele que, quando você está combatendo crime organizado ou crime a varejo, você incomoda o crime. E quando você incomoda o crime, você se torna um obstáculo, então você tem que ser eliminado (…). Ali foi uma trairagem, quando eles perceberam que nesse dia ele não estava de carro blindado. Às vezes que eu encontrei com ele em Santos, ele sempre estava de carro blindado, armado, sempre”, relata.

A Justiça decretou, neste sábado (20), a prisão temporária do sétimo suspeito de participar do assassinato do ex-delegado-geral. Willian Silva Marques é dono da casa em Praia Grande, no litoral paulista, que teria sido usada pela quadrilha para o planejamento do crime.

Também no sábado, Rafael Marcel Dias Simões, conhecido como Jaguar, se apresentou voluntariamente na delegacia após ter a prisão temporária decretada pela Justiça. Segundo a polícia, Rafael é integrante do PCC e tem passagens por roubo, sequestro e tráfico de drogas.

Também está preso preventivamente Luiz Henrique Santos Batista, conhecido como Fofão, que, segundo as investigações, ajudou Rafael a fugir do local do crime. Além de Willian, outros três homens estão foragidos e são procurados. Felipe Avelino da Silva, conhecido como Mascherano no PCC, e Flávio Henrique Ferreira de Souza.

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