O assassino confesso do gari Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, trocou mais uma vez de advogado. Desta vez, o pedido partiu do próprio acusado, o que pegou de surpresa o advogado Dracon Luiz Cavalcante Lima, habilitado no processo na última sexta-feira (22/8) e desligado no dia seguinte após entrevistas à imprensa.
Antes, o assassino confesso viu três advogados deixarem o caso antes de ele optar por dar detalhes sobre o crime. Ele chegou a constituir um novo defensor apenas para o depoimento em que confessou o crime e, depois, escolheu Dracon Cavalcante.
“Eu estou aqui na porta do presídio esperado para ser atendido por ele. Eu vou saber com ele agora o motivo pelo qual ele me tirou. Fui pego de muita surpresa. Hoje fui pegar o computador para ver o processo e estava lá que eu fui revogado. Ai vim para cá, no presídio, para conversar com ele”, disse.
Sem citar nomes, Dracon Lima disse que “não promete nada ao cliente que não esteja ao seu alcance”. “Não prometo outra coisa, só prometo a lei. Se alguma outra pessoa promete a absolvição, eu não. Se cometeu o crime, eu posso prometer uma proporção menor da pena”, declarou.
O novo advogado constituído é Bruno Silva Rodrigues, que atua no Rio de Janeiro. Em contato com a reportagem, o novo defensor afirmou que não vai falar com a imprensa sobre o caso. Ele pontuou, contudo, que foi procurado por Renê Júnior ainda na quinta-feira (21/8)
O crime
Na manhã de segunda-feira (11/8), por volta das 9h, houve uma confusão no trânsito no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte. Um caminhão de coleta de lixo estava parado quando um carro BYD cinza, vindo na direção contrária, se aproximou. O motorista do carro — apontado como o suspeito — teria sacado uma arma e ameaçado a condutora do caminhão, dizendo que “iria atirar na cara” dela. Logo depois, ele teria atirado contra o gari Laudemir de Souza Fernandes, que estava trabalhando na coleta.
O gari foi atingido na região torácica, próximo às costelas, e socorrido ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu aos ferimentos. Após o disparo, o suspeito fugiu no mesmo carro BYD cinza e foi localizado pela polícia na tarde do mesmo dia, enquanto malhava em uma academia de alto padrão no bairro Estoril. Ele foi preso sem oferecer resistência. Conforme relatos das testemunhas, pouco antes de ser atingido, Laudemir teria dito: “Acertou em mim”. Testemunhas que estavam no local do crime afirmaram que o suspeito “saiu tranquilo e com semblante de bravo” após atirar na vítima.
Vídeos mostram passos do empresário após o homicídio
Imagens de câmeras de segurança registraram os passos do empresário momentos após a morte do gari Laudemir. Segundo o delegado Evandro Radaelli, responsável pela investigação do caso, Renê manteve uma rotina “normal” mesmo após o crime.
As imagens mostram o suspeito na sede da empresa em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ele chegou ao local por volta das 10h30 e cumprimentou colegas de trabalho. Cerca de duas horas depois, Renê dirigiu-se à sua residência e, logo após estacionar o carro na garagem do prédio, guardou a arma usada no crime na mochila.