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‘Esse seu filho Eduardo é um babaca’, disse Malafaia a Jair Bolsonaro após tarifaço de Trump

BRASÍLIA – Em mensagem enviada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o pastor Silas Malafaia criticou a condução do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) após o tarifaço imposto ao Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Entre as palavras usadas por Malafaia para se referir a Eduardo, estão “babaca”, estúpido” e “idiota”.

Na decisão desta quarta-feira, o ministro do STF autorizou a Polícia Federal (PF) a apreender o passaporte de Malafaia, impediu o pastor de manter contato com Bolsonaro e com Eduardo e ainda determinou que o aliado do ex-presidente preste depoimento. As cautelares foram autorizadas no mesmo inquérito em que Bolsonaro e o filho foram indiciados por coação, tentativa de obstrução de Justiça e ainda por abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

“DESCULPA, PRESIDENTE! Esse seu filho Eduardo é um babaca, inexperiente que está dando a Lula e à esquerda o discurso nacionalista e ao mesmo tempo te ferrando. Um estúpido da marca maior. ESTOU INDIGNADO! Só não faço um vídeo e arrebento com ele por consideração a você. Não sei se vou ter paciência de ficar calado se esse idiota falar mais alguma asneira”, escreveu Malafaia.

apreendido no mesmo dia em que o ex-presidente entrou em prisão domiciliar. De acordo com o relatório divulgado pela PF, a mensagem de Malafaia foi encaminhada a Bolsonaro no final da tarde de 11 de julho, dois dias depois do anúncio do tarifaço. 

Na época, Eduardo indicava que a condição para que Trump repensasse a sanção comercial ao Brasil era o avanço da anistia aos réus e condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 – medida que pode beneficiar Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF).  

Na carta em que anunciou as tarifas ao Brasil, Trump criticou as ações da Justiça brasileira que miram o ex-presidente. O documento, endereçado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi postado nas redes sociais do norte-americano. 

Em outra mensagem já na noite de 11 de julho, Malafaia disse a Bolsonaro que as sanções econômicas de Trump ao Brasil tinham o ex-presidente como motivação. “Pô, tudo da carta do Trump é pra você! Toda arrombada que o Trump deu no mundo é sobre economia. Você… com o Brasil é sobre você, cara! A faca e o queijo estão na tua mãe, ô cacete. E nós não podemos perder isso”, disse, em conteúdo de áudio. 

Na mesma ocasião, Malafaia voltou a criticar Eduardo. “Dei-lhe um esporro, cara… Mandei um áudio pra ele de arrombar. E disse pra ele, a próxima que tu fizer eu gravo um vídeo e te arrebento! Falei pro EDUARDO. Vai pro meio de um cacete, pô. O cara parecendo contra você. Essa fogueira de merda de vaidade”.  

O pastor foi abordado por agentes da PF no desembarque do Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, para o cumprimento das medidas e de mandado de busca pessoal. O celular de Malafaia também foi apreendido na operação. 

Mensagens revelaram atuação de Malafaia

Moraes atendeu a um pedido feito pela PF, com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR). Em despacho, o chefe do órgão, Paulo Gonet, apontou que a PF obteve diálogos e publicações nos quais Malafaia “aparece como orientador e auxiliar das ações de coação e obstrução promovidas pelos investigados Eduardo Nantes Bolsonaro e Jair Messias Bolsonaro”.

“Impõe-se concluir que estão associados no propósito comum, bem como nas práticas dele resultante, de interferir ilicitamente no curso e no desenlace da Ação Penal n. 2668 [da tentativa de golpe], em que o ex-presidente figura como réu”, disse Gonet.

De acordo com a PF, mensagens obtidas no celular apreendido de Jair Bolsonaro mostram que o ex-presidente e Eduardo Bolsonaro contavam com a ajuda de aliados, entre eles, Malafaia. Ele é o principal articulador das manifestações bolsonaristas que costumam atacar o STF e o ministro Alexandre de Moraes.

Segundo os investigadores, o pastor atuava na “definição de estratégias de coação e difusão de narrativas inverídicas, bem como no direcionamento de ações coordenadas que, em última instância, visam coagir os membros da cúpula do Poder Judiciário, de modo a impedir que eventuais ações jurisdicionais proferidas no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF) possam contrapor os interesses ilícitos do grupo criminoso”.

Jair Bolsonaro cumpre prisão domiciliar, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, que alegou que o ex-presidente descumpriu medidas cautelares impostas a ele.

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