O ex-presidente Jair Bolsonaro declarou neste sábado que tem “certeza de condenação” nos processos que enfrenta e, elevando o tom de suas críticas, acusou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de “comandar o Brasil”. A fala de Bolsonaro a apoiadores em Brasília intensifica sua retórica de vitimização e ataque ao Judiciário, em um momento de crescentes tensões políticas e judiciais.
A declaração de Bolsonaro de que está convicto de uma condenação demonstra uma escalada em sua narrativa, que antes se concentrava mais na tese de “perseguição” política. Agora, ele parece antecipar desdobramentos negativos nas investigações e processos que o envolvem, como os inquéritos sobre a tentativa de golpe de Estado e a venda de joias.
“Não adianta o que eu faça, tenho certeza de condenação. É tudo orquestrado para me tirar da política. E quem comanda isso, quem comanda o Brasil hoje, não é o presidente [Lula], é o Alexandre de Moraes”, afirmou Bolsonaro, sem apresentar provas para suas acusações.
A crítica direta e contundente a Moraes não é novidade, mas a intensidade e a afirmação de que o ministro “comanda o Brasil” representam um novo patamar de confronto. Bolsonaro tem acusado Moraes de ser o principal articulador de sua inelegibilidade e dos inquéritos que o investigam, gerando uma polarização sem precedentes entre o Executivo anterior e o Judiciário.
Essa retórica de Bolsonaro ocorre em um cenário no qual governadores de direita, como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema, têm saído em sua defesa, alegando “perseguição” e “violência” contra o ex-presidente. A Trump Media, empresa de Donald Trump, também já acusou Moraes de novas ordens “ilegais” contra big techs, o que Bolsonaro aproveita para reforçar sua narrativa.
A fala do ex-presidente, ao mesmo tempo em que tenta mobilizar sua base, coloca mais pressão sobre o Judiciário e o governo Lula, que, por sua vez, tem respondido com discursos firmes contra o que chama de “bando de maluco”. A certeza de condenação expressa por Bolsonaro adiciona um elemento de imprevisibilidade ao cenário político-jurídico do país.