O ex-ministro da Justiça Anderson Torres teria discutido a chamada “minuta do golpe” na presença do então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes. A informação foi revelada pelo advogado de defesa de Torres, que fez a declaração em entrevista à CNN Brasil. Essa revelação adiciona um novo elemento às investigações sobre a suposta tentativa de golpe de Estado.
O Que Implica a Declaração da Defesa
A “minuta do golpe” é um documento encontrado na casa de Anderson Torres que previa medidas para reverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse do presidente eleito. A defesa de Torres tenta desqualificar a minuta, alegando que se tratava de um “rascunho” sem validade, e que sua presença no domicílio do ex-ministro não implicaria em uma articulação efetiva.
Ao afirmar que a minuta foi discutida na presença de Freire Gomes, a defesa de Torres pode estar buscando:
- Diluir a Responsabilidade: Se um comandante militar de alto escalão tinha conhecimento ou participou da discussão sobre o documento, isso poderia, na visão da defesa, diluir a responsabilidade individual de Torres, indicando que o tema circulava em esferas mais amplas.
- Contestar a Gravidade: A presença de uma figura como Freire Gomes, que posteriormente se posicionou contra atos golpistas, poderia ser usada para sugerir que a minuta era, de fato, um documento sem seriedade ou intenção de ser implementado.
- Confrontar Versões: A informação pode contradizer ou complementar depoimentos já prestados por outras figuras envolvidas nas investigações, buscando criar um novo cenário no inquérito.
O Papel de Freire Gomes nas Investigações
O general Freire Gomes tem sido uma figura central nas investigações sobre a tentativa de golpe. Em depoimento à Polícia Federal (PF) em abril de 2025, ele afirmou ter sido alvo de pressões para aderir a um plano golpista após as eleições de 2022 e que resistiu a elas. Freire Gomes teria alertado o então presidente Jair Bolsonaro sobre as consequências legais de uma tentativa de golpe e teria se recusado a assinar qualquer documento que pudesse levar a essa ruptura institucional.
A menção de seu nome pela defesa de Torres agora o coloca diretamente no centro de uma nova controvérsia, levantando questões sobre o seu real conhecimento e envolvimento nas discussões sobre a minuta.
Próximos Passos na Investigação
A declaração da defesa de Anderson Torres deve ser avaliada pelas autoridades que conduzem as investigações. É provável que essa nova informação possa levar a:
- Novos Depoimentos: As autoridades podem considerar necessário convocar novamente Freire Gomes para esclarecer se, de fato, houve a discussão da minuta em sua presença e qual foi sua reação a ela.
- Cruzamento de Informações: A PF e o Ministério Público Federal (MPF) deverão cruzar essa nova versão com outros depoimentos, provas documentais e digitais já coletadas no âmbito do inquérito que apura a tentativa de golpe.
A investigação sobre a tentativa de golpe segue em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), e novas revelações como esta continuam a moldar o cenário processual.