Em uma declaração que ecoa sua postura de “América Primeiro” e desafia o consenso diplomático tradicional, o ex-presidente e provável candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu recentemente que o país pode se ver arrastado para um eventual conflito direto entre Israel e Irã. A afirmação, que aumenta a já elevada tensão no Oriente Médio, não é isolada e se alinha a outras falas polêmicas de Trump sobre alianças globais e o papel americano no cenário internacional, reacendendo debates sobre os rumos da política externa dos EUA caso ele retorne à Casa Branca.
A declaração de Trump ocorre em um momento de persistente fricção entre Teerã e Tel Aviv, marcada por ações indiretas, a corrida nuclear iraniana e a disputa por hegemonia regional.

O Alerta Sobre Israel-Irã e a “Guerra nas Sombras”
Ao indicar um possível envolvimento dos EUA, Trump adiciona um elemento de imprevisibilidade a um conflito que tem sido travado principalmente nas “sombras”, através de proxies, ataques cibernéticos e sabotagens. Durante sua presidência anterior, Trump adotou uma política de “pressão máxima” contra o Irã, retirando os EUA do acordo nuclear de 2015 e reimpondo sanções severas. Ao mesmo tempo, demonstrou apoio inabalável a Israel, reforçando laços e mediando os Acordos de Abraão.
Essa combinação de isolamento do Irã e alinhamento com Israel forma a base de sua visão para a região, onde um envolvimento militar dos EUA, embora de alto risco, não seria descartado em sua retórica.
Conexões com Outras Falas Polêmicas de Trump
A declaração sobre Israel-Irã se conecta a um padrão de falas e posições de Trump que geram controvérsia e preocupação entre aliados tradicionais:
- OTAN e Defesa Coletiva: Trump tem repetidamente criticado membros da OTAN por não cumprirem suas metas de gastos com defesa, chegando a sugerir que os EUA não defenderiam aliados que não investissem o suficiente, questionando a cláusula de defesa coletiva da aliança. Essa postura levanta dúvidas sobre a confiabilidade dos EUA como parceiro em crises.
- Conflito na Ucrânia: Suas opiniões sobre a guerra na Ucrânia, incluindo a possibilidade de um acordo rápido com a Rússia e a potencial redução do apoio americano a Kiev, geram apreensão na Europa e entre defensores da soberania ucraniana.
- Comércio e Acordos Internacionais: Trump tem defendido uma política de protecionismo e renegociação de acordos comerciais, ameaçando impor tarifas e desconsiderar tratados multilaterais, o que poderia gerar instabilidade econômica global.
- Relações com a China: A retórica dura e a imposição de tarifas contra a China, com foco em uma “guerra comercial”, marcam sua abordagem para a segunda maior economia do mundo, e ele tem sinalizado que essa postura seria mantida ou intensificada.
O Impacto na Política Externa Americana
As falas de Trump, ao mesmo tempo em que agradam sua base eleitoral que valoriza uma postura mais isolacionista e nacionalista, geram calafrios em diplomatas e líderes mundiais. Para eles, a incerteza sobre o compromisso dos EUA com suas alianças e o risco de ações unilaterais poderiam desestabilizar ainda mais a ordem internacional.
A atual administração dos EUA, sob o comando do Presidente Joe Biden, tem trabalhado para reafirmar o compromisso com alianças, reengajar-se em fóruns multilaterais e buscar soluções diplomáticas para conflitos. A possibilidade de um retorno de Trump à presidência coloca em xeque essa abordagem e levanta questões sobre uma potencial guinada radical na política externa da maior potência mundial, com consequências diretas para a paz e a estabilidade globais, especialmente em pontos quentes como o Oriente Médio.