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Bolsonaro Quebra o Silêncio e Chama de “Malucos” Apoiadores que Pediam Intervenção Militar

Em uma guinada retórica notável, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) utilizou um termo inusitado para se referir aos apoiadores que, por anos, clamaram por uma intervenção militar no país: “malucos”. A declaração, feita nesta terça-feira (10 de junho de 2025) após prestar depoimento à Polícia Federal em Brasília, representa uma tentativa clara de se desvincular dos atos mais radicais de sua base, em meio às investigações sobre a tentativa de golpe de Estado.

Ao ser questionado por jornalistas na saída da sede da PF, Bolsonaro afirmou: “Sempre falei a esses malucos que não se fala em intervenção militar. Isso é coisa de maluco, de idiota.” A fala surpreendeu muitos observadores, dada a postura ambígua que o ex-presidente manteve por grande parte de seu mandato em relação às manifestações que pediam o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Uma Nova Estratégia de Defesa?

A mudança no tom de Bolsonaro é interpretada por analistas políticos e juristas como uma peça-chave em sua estratégia de defesa nas investigações que correm no STF, especialmente no inquérito que apura a suposta tentativa de golpe de Estado e os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

Nesta mesma terça-feira, o ex-presidente também prestou depoimento ao ministro Alexandre de Moraes no STF, onde negou qualquer envolvimento com planos golpistas e buscou se distanciar dos ataques às sedes dos Três Poderes. Chamar os defensores de intervenção militar de “malucos” ou “idiotas” reforça a narrativa de que ele nunca endossou tais ideias e que os atos de 8 de janeiro não teriam sido incentivados por sua figura.

Contraste com o Passado

A declaração atual contrasta fortemente com o histórico de Bolsonaro, que frequentemente participava de manifestações com pautas antidemocráticas, discursava em palanques ao lado de líderes que pediam o fechamento de instituições e flertava com a ideia de “Forças Armadas salvadoras”. Em diversos momentos, Bolsonaro se manifestou favoravelmente à atuação política dos militares e chegou a dizer que “só Deus me tira da cadeira ou o povo”.

Apesar das críticas sobre sua postura anterior, Bolsonaro agora tenta reescrever essa narrativa, apresentando-se como um defensor da Constituição que sempre rejeitou a ideia de ruptura institucional.

A repercussão da fala de Bolsonaro deve ser sentida tanto em sua base de apoiadores, que por vezes se sentirá deslegitimada, quanto entre seus críticos, que apontarão a contradição com seu histórico político. A estratégia de distanciamento dos radicais será fundamental para a tese de sua defesa, enquanto as investigações seguem em ritmo acelerado em Brasília.

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