O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifestou publicamente sobre a possibilidade de ser interrogado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da investigação que apura a suposta tentativa de golpe de Estado e os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Para surpresa de alguns, Bolsonaro classificou a ideia de ser questionado pelas autoridades como uma “excelente ideia”.
A declaração foi dada a jornalistas nesta quinta-feira (5 de junho de 2025), após prestar depoimento à Polícia Federal em outro inquérito, este relacionado à atuação de seu filho, Eduardo Bolsonaro, nos Estados Unidos. A fala do ex-presidente sugere uma postura de confiança, ou uma estratégia para se apresentar como alguém disposto a colaborar e esclarecer os fatos, refutando as acusações que pesam contra ele.
A Convocação para o Interrogatório
A possível convocação de Bolsonaro para ser interrogado na investigação do suposto golpe tem sido especulada e aguardada, especialmente após a evolução de provas e depoimentos que ligam figuras de seu governo e ele próprio a tentativas de desestabilização democrática antes e durante os ataques de 8 de janeiro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já havia, inclusive, formalizado o pedido para que ele fosse ouvido em outros inquéritos relacionados.
Ao chamar o interrogatório de “excelente ideia”, Bolsonaro pode estar buscando:
- Reafirmar Inocência: Usar o momento para reiterar sua versão dos fatos, negando qualquer participação ou comando em ações antidemocráticas.
- Contestar Provas: Apontar supostas inconsistências nas provas e depoimentos que o incriminam.
- Posicionamento Político: Reforçar a narrativa de “perseguição política” que ele e seus aliados têm difundido, transformando o interrogatório em um palco para suas defesas.
O Contexto da Investigação do Suposto Golpe
A investigação do STF, conduzida sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, é uma das mais sensíveis e complexas do país. Ela apura a existência de uma organização criminosa que teria atuado para minar o Estado Democrático de Direito, com ramificações que incluem a produção e disseminação de fake news, o financiamento de atos antidemocráticos e a própria incitação aos eventos de 8 de janeiro.
Testemunhos de ex-militares, auxiliares próximos e hackers, como Walter Delgatti Neto, têm adicionado camadas de complexidade à investigação, apontando para um suposto plano de anulação das eleições de 2022 e de manutenção do ex-presidente no poder.
A disposição de Bolsonaro para ser interrogado, vista por ele como uma “excelente ideia”, marca um novo capítulo na saga judicial que cerca o ex-presidente e o futuro das investigações sobre a tentativa de golpe no Brasil.