O Sport Club Corinthians Paulista vive neste final de semana um dos momentos mais caóticos de sua história política. Após ter sido afastado da presidência na última segunda-feira, Augusto Melo protagonizou uma reviravolta neste sábado (31), ao se declarar “reconduzido” ao cargo, em um movimento que a oposição classifica como “golpe” e que intensifica, ainda mais, a grave crise institucional do clube.
A situação ganhou contornos dramáticos com a presença de torcedores, atuação da Polícia Militar e acusações mútuas de ilegalidade no Parque São Jorge.
A Controversa “Recondução”
Augusto Melo teve seu afastamento aprovado pelo Conselho Deliberativo do Corinthians na noite da última segunda-feira (26), com 176 votos a favor e 57 contrários. A medida, que ainda precisa ser ratificada em votação pelos sócios (marcada para agosto), levou à assunção da presidência interina por Osmar Stabile.
No entanto, no sábado (31), uma aliada de Augusto Melo, Maria Angela de Souza Ocampos, que se declarou presidente interina do Conselho Deliberativo após o afastamento de Romeu Tuma Jr. (também envolvido em outra polêmica e afastado por decisão da Comissão de Ética do órgão), emitiu um ofício anulando todos os atos praticados por Tuma Jr. desde 9 de abril de 2025 – o que, na prática, anularia também o processo de impeachment de Augusto Melo. Com base nisso, Melo compareceu à sede do clube, afirmando ter retomado a presidência.
Acusações de “Golpe” e Clima de Caos
A atitude de Augusto Melo e de sua aliada foi veementemente repudiada pela oposição. Dirigentes e conselheiros que apoiam Osmar Stabile reafirmaram que Stabile permanece como o presidente interino do Corinthians e classificaram a tentativa de retorno de Melo como “absolutamente ilegal” e um “golpe” contra o estatuto do clube.
“É muito triste ver uma pessoa que exerceu esse cargo se comportar desta forma. O Corinthians não merece”, declarou um dirigente da oposição à imprensa.
A confusão escalou no Parque São Jorge, com a presença de torcedores organizados, e o Batalhão de Choque da PM precisou ser acionado para conter o tumulto. Augusto Melo deixou o local sob escolta policial, afirmando que faria um Boletim de Ocorrência por supostas ameaças.
Próximos Capítulos da Crise
A crise política no Corinthians, que já se arrasta desde o início da gestão de Augusto Melo e é marcada por denúncias de irregularidades em contratos (como o patrocínio máster com a VaideBet, que foi rompido) e a reprovação de contas, atinge agora um nível sem precedentes.
A decisão final sobre o destino de Augusto Melo e o comando do Corinthians caberá à assembleia de sócios, marcada para 9 de agosto. Até lá, o clube deve permanecer em um limbo jurídico-administrativo, com duas partes reivindicando a presidência, enquanto o time de futebol tenta se reerguer após a eliminação na Copa Sul-Americana e em meio a um Brasileirão desafiador.
A situação caótica reflete a profunda divisão interna e a fragilidade política que assolam o Corinthians, prometendo novos capítulos de tensão e incerteza nos próximos dias e semanas.