A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) oficializou o plano de Fair Play Financeiro, que começará a valer no futebol brasileiro a partir de janeiro de 2026. A iniciativa tem como objetivo principal estimular a responsabilidade fiscal e o equilíbrio financeiro entre os clubes das Séries A e B, inspirando-se em modelos já aplicados com sucesso em ligas europeias.
O plano foi desenvolvido por um grupo de trabalho formado por representantes da CBF, federações, clubes e especialistas em gestão esportiva, que concluiu a proposta neste mês de novembro. A medida pretende combater o endividamento excessivo e criar um ambiente mais estável e transparente no futebol nacional.
De acordo com o documento divulgado pela CBF, o Fair Play Financeiro brasileiro será baseado em três eixos fundamentais:
Controle de dívidas em atraso, exigindo que clubes mantenham em dia pagamentos a atletas, funcionários e fornecedores;
Equilíbrio entre receitas e despesas, com a obrigatoriedade de comprovar sustentabilidade financeira durante a temporada;
Limitação de gastos com elenco e endividamento de curto prazo, para evitar que contratações ou investimentos comprometam a saúde econômica das equipes.
O descumprimento das regras poderá gerar punições graduais, que vão de advertências e multas até restrições de contratações, perda de pontos e rebaixamento de divisão, conforme a gravidade da infração.
A CBF destacou que o plano será implementado de forma gradual, com um período de adaptação ao longo de 2025. Durante essa fase, os clubes deverão apresentar relatórios financeiros auditados e comprovar o cumprimento das novas diretrizes.
Especialistas consideram a medida um avanço importante. Em entrevista à CNN Brasil, o economista esportivo João Carlos Martins afirmou que o plano pode representar “um divisor de águas na gestão do futebol brasileiro”. Segundo ele, “o Fair Play Financeiro vai premiar quem administra bem e pune quem insiste em gastar mais do que pode”.
O projeto surge em um momento em que várias equipes do país ainda enfrentam graves problemas de endividamento e atrasos salariais. Com a expansão das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs), cresce a pressão por uma regulação que incentive a boa governança e impeça práticas irresponsáveis.
A expectativa é de que o novo modelo traga mais equilíbrio competitivo e credibilidade às competições nacionais, estimulando clubes a investir com planejamento e transparência.
Se aplicado de forma eficaz, o plano de Fair Play Financeiro da CBF pode marcar o início de uma nova era para o futebol brasileiro, uma era em que a gestão responsável será tão valorizada quanto o desempenho dentro de campo.