Os Estados Unidos elevaram o tom contra o governo de Nicolás Maduro e intensificaram a presença militar no Caribe, segundo reportagem publicada pela revista The Atlantic. A operação, oficialmente voltada ao combate ao narcotráfico, é interpretada por analistas como parte de uma estratégia mais ampla de enfraquecimento do regime venezuelano, que enfrenta crescente isolamento político e econômico.
De acordo com a publicação, a administração norte-americana autorizou o deslocamento de embarcações de guerra e aeronaves de vigilância para a região próxima à costa venezuelana. O movimento ocorre em meio a uma série de novas sanções impostas a integrantes do alto escalão chavista e a empresas ligadas ao setor petrolífero estatal.
Fontes militares ouvidas pela The Atlantic afirmam que a operação busca “interromper rotas de tráfico” e “coibir atividades ilícitas ligadas a autoridades venezuelanas”. No entanto, diplomatas citados pela mesma reportagem reconhecem que a ação tem também um componente político: demonstrar força e pressionar Maduro em um momento de fragilidade interna.
Em Caracas, o governo reagiu com indignação. Maduro acusou Washington de tentar “provocar um conflito direto” e colocou as Forças Armadas em alerta. “Os Estados Unidos querem o controle do petróleo venezuelano, mas não conseguirão submeter o povo bolivariano”, declarou o presidente em rede nacional.
Membros do Conselho de Segurança Nacional dos EUA avaliam diferentes cenários, que vão desde o endurecimento de sanções até operações pontuais para “neutralizar ameaças regionais”. Ainda assim, o governo norte-americano afirma não ter intenção de uma invasão direta, mas mantém aberta a possibilidade de “respostas rápidas” em caso de incidentes.
A reportagem destaca que o cerco à Venezuela faz parte de uma política mais ampla de contenção a regimes aliados de Rússia e Irã no continente americano. O país de Maduro, altamente dependente da exportação de petróleo e do apoio russo, enfrenta agora seu maior desafio diplomático desde 2019, quando os EUA reconheceram Juan Guaidó como presidente interino.
Com o isolamento crescente e uma economia em colapso, especialistas consultados pela revista afirmam que Maduro se encontra “politicamente encurralado” e tenta, mais uma vez, usar o discurso de soberania nacional para manter o apoio interno.