O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerra neste fim de semana uma série de compromissos na Ásia com resultados expressivos em comércio, tecnologia e energia, e agora volta suas atenções para uma aguardada reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevista para ocorrer durante a cúpula da ASEAN, na Malásia.
Durante a passagem por Indonésia e Malásia, o governo brasileiro firmou mais de oito memorandos de entendimento (MoUs) que abrangem temas como transição energética, inovação tecnológica, estatísticas, agronegócio e ciência aplicada. As parcerias reforçam a estratégia de Lula de recolocar o Brasil no eixo da cooperação Sul-Sul e diversificar seus laços comerciais para além da dependência de mercados ocidentais.
Na Indonésia, o encontro com o presidente Prabowo Subianto resultou em um pacote de cooperação que prevê investimentos conjuntos em biocombustíveis, agricultura sustentável e pesquisa científica. Já na Malásia, as conversas se concentraram em tecnologia de semicondutores e indústria halal, setores vistos como promissores para o fortalecimento das exportações brasileiras.
Segundo o Itamaraty, o objetivo é consolidar uma “agenda de futuro”, baseada em inovação e desenvolvimento sustentável. “O Brasil quer ser visto como um parceiro confiável em tecnologia, energia limpa e alimentos”, afirmou um diplomata que acompanha a comitiva presidencial.
Expectativa para o encontro com Trump
O ponto mais aguardado da viagem é o possível encontro entre Lula e Donald Trump, que pode redefinir o rumo das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Embora ainda não confirmado oficialmente, a reunião é tratada nos bastidores como “altamente provável” e deve ocorrer à margem da cúpula.
Entre os principais temas em pauta estão as tarifas impostas por Washington sobre produtos brasileiros, estimadas em cerca de 50%, e o reequilíbrio do comércio bilateral. Lula também deve abordar questões diplomáticas sensíveis, como a situação na Venezuela e a guerra na Ucrânia.
Em declarações recentes, o presidente brasileiro afirmou estar “aberto a discutir todos os temas”, destacando a importância do diálogo direto entre as duas maiores economias das Américas. Trump, por sua vez, sinalizou que poderia “considerar uma redução de tarifas”, caso o encontro avance positivamente.
Impacto geopolítico
A agenda asiática marca uma nova fase da política externa de Lula, que busca fortalecer o protagonismo do Brasil no cenário internacional. Ao mesmo tempo, o país tenta equilibrar sua aproximação com potências emergentes da Ásia e do Oriente Médio, sem romper pontes com os Estados Unidos e a União Europeia.
Para analistas, o sucesso dessa estratégia dependerá da capacidade de transformar os acordos assinados em resultados concretos. “Os MoUs são o primeiro passo, mas o desafio está na execução e no investimento efetivo”, avalia o pesquisador André Marinho, especialista em relações internacionais.
Enquanto isso, a comitiva brasileira segue em Kuala Lumpur, onde Lula deve participar de painéis sobre comércio sustentável e cooperação tecnológica antes de definir a data e o formato final da reunião com Trump.